Título: Para Freire, julgamento expôs 'falta de compostura'
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/03/2006, Nacional, p. A5

Um dia depois da absolvição dos deputados Roberto Brant (PFL-MG) e Professor Luizinho (PT-SP), a Câmara entrou numa grande crise, recheada de acusações de acordos sub-reptícios entre o PT, o PFL e partidos da base do governo. "No plenário, o clima era de falta de compostura. Não se analisava a justiça ou não das punições, mas se constatava certa frouxidão moral incentivada pela vontade da base governista, somada a alguns partidos de oposição", atacou o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE).

"A questão é que as pessoas não estão se conformando com o fato de o plenário considerar inocentes pessoas acusadas pelo Conselho de Ética. Eu e o Luizinho fomos absolvidos porque somos inocentes", disse Brant.

Apesar da insistente negativa dos parlamentares e dos dirigentes de partidos sobre o possível acordão para livrar parlamentares da perda do mandato, as suspeitas existem por todos os lados. Nas duas sessões que absolveram Brant e Luizinho, ficou claro que PT, PFL e PSB estavam no mesmo lado. Quando Brant, o primeiro da fila de cassação no dia, terminou seu discurso, o líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), desistiu de fazer a defesa do liderado. Seu lugar foi ocupado pelo deputado Alexandre Cardoso (PSB-RJ), ex-líder dos socialistas.

Na sessão seguinte, que julgou Luizinho, Fernando Ferro (PT-PE) foi à tribuna para dizer que tinha votado pela absolvição de Brant, um homem de bem, segundo ele, e que não tinha culpa alguma. Com isso, pediu a contrapartida ao PFL para salvar a pele de Luizinho.