Título: Petistas usam sessão para desqualificar Valencise
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/03/2006, Nacional, p. A4

Sem outro argumento para defender o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, a não ser o de dizer que as acusações se resumem ao testemunho de Rogério Buratti, senadores do PT tentaram ontem desqualificar o delegado Benedito Antonio Valencise na CPI dos Bingos. Os petistas acusaram Valencise de ter torturado suspeito de envolvimento no seqüestro do filho de um empresário de Ribeirão Preto. Também afirmaram que o delegado não denunciou policiais sob seu comando suspeitos de maltratar presos.

Ao fim do depoimento, encaminharam à presidência da comissão requerimento pedindo que o procurador-geral da República, Francisco Fernandes de Souza, investigue as denúncias contra o delegado.

Após uma série de perguntas a Valencise, Suplicy pôs-se a ler o depoimento de pessoas suspeitas do seqüestro que acusavam o delegado de participar de uma sessão de tortura. "O que o senhor tem a dizer sobre isso? O senhor já foi investigado por tortura. Qual foi a participação do senhor na apuração do seqüestro do filho do empresário?", perguntou Suplicy. Valencise respondeu que "em momento nenhum houve sessão de tortura contra quem quer que seja".

O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) disse estranhar que nenhum dos governistas tenha apresentado provas em defesa de Palocci. "Só quero lamentar que apesar da boa presença dos senhores, não tenha existido nenhum argumento sólido em defesa do ministro", criticou. "Todos os seus argumentos foram para diminuir a autoridade da pessoa que está depondo."

Ideli Salvatti (PT-SC) tentou atribuir ao delegado erros no pedido da gravação de conversas de pessoas de Ribeirão Preto. Já Tião Viana (PT-AC) leu um documento em que técnicos da Receita Federal diziam ter sido algemados e submetidos a situação de constrangimento por ordem de Valencise.