Título: Carta a Lula nega participação em violação de sigilo
Autor: João Domingos e Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/03/2006, Nacional, p. A4

A saída do ministro Antonio Palocci foi informada inicialmente em um comunicado de menos de três linhas divulgado pelo Ministério da Fazenda. Dizia apenas que o ministro solicitara "seu afastamento" ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi o bastante para criar dúvidas - jornalistas cogitaram a possibilidade de o ministro não se desligar do cargo para não perder o foro privilegiado. Mais tarde, a assessoria da Presidência confirmou: Palocci estava se demitindo. Na carta que encaminhou ao presidente, o agora ex-ministro diz que foi alvo de "maldades" e nega ter participado - mesmo como mandante - da violação do sigilo do caseiro Nildo. "Estou convencido de que minha permanência, neste momento de exacerbado conflito político, e quando sou alvo de todo tipo de maldades e acusações, não mais contribui para o avanço da obra do governo", diz um trecho da carta. "Não tive nenhuma participação, nem de mando, nem operacional, no que se refere à quebra do sigilo bancário de quem quer que seja", afirma outro trecho. "Reafirmo ainda que não divulguei nem autorizei nenhuma divulgação sobre informações sigilosas da Caixa Econômica Federal." No comunicado que acabou servindo de despedida do ministério, Palocci ainda destacou as conquistas do governo Lula na área econômica. "O controle definitivo da inflação, os números recordes de geração de emprego, a evolução do crédito, a boa administração da dívida pública e o espetacular desempenho das contas externas são conquistas para as quais muitos governos colaboraram e seu governo consolidou", afirma, dirigindo-se a Lula. "Estou extremamente feliz por haver contribuído para alcançar esses resultados."