Título: Mercado argentino reage bem à saída do ministro
Autor: João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/03/2006, Nacional, p. A9

A notícia da renúncia de Antonio Palocci foi recebida com relativa tranqüilidade na Argentina. A city financeira e os políticos locais já previam que a saída do ministro não causaria turbulências nos mercados e, conseqüentemente, não teria efeitos sobre o País.

Os argentinos estão calejados pelas breves permanências de seus ministros da Economia. A remoção de Roberto Lavagna do posto, em novembro passado, não causou perturbações no sistema financeiro, a não ser duas breves jornadas de sutil queda da bolsa e de leve alta do dólar. Sua sucessora, Felisa Miceli, seguiu à risca a política do antecessor.

Ontem, a bolsa portenha subiu 1,24%, enquanto a cotação do dólar se mantinha estável, em 3,06 pesos. De acordo com o economista Mariano Lamothe, da consultoria econômica Abeceb.com, especializada em comércio exterior, "a princípio, tudo indica que a saída de Palocci não causará problemas no Brasil ou na Argentina".

Ele observou que as economias da América Latina estão com a dívida controlada, superávits fiscais sólidos e uma área de comércio exterior positiva. "Nos últimos meses vimos que toda a crise política brasileira não afetou a economia", disse. "No Brasil, a economia foi por uma estrada, enquanto a crise política seguia por outra."

Lamothe não descarta a eventual possibilidade de uma volatilidade temporária, enquanto os mercados não virem o novo ministro em ação. O risco seria de, num ano eleitoral, o sucessor não seguir a ortodoxia de Antonio Palocci.

A mídia argentina elogiou a política de Palocci. Mas destacou que sua queda poderia estar ligada às festas negras (orgias sexuais), com a presença de integrantes de sua equipe.