Título: Indicado foi coordenador na negociação das PPPs
Autor: Irany Tereza
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/03/2006, Nacional, p. A13

A manutenção de Demian Fiocca no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mostra que a linha da instituição deverá continuar exatamente a mesma. O fato é mais uma forma de indicar que não haverá nenhuma guinada na condução da economia, após o terremoto que foi a queda de Palocci e assesores.

O novo presidente do BNDES também faz repetidos ataques à manutenção dos juros altos, principalmente em relação à Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que é usada como referência para os empréstimos do banco.

Embora com um discurso uma oitava acima do usado por Guido Mantega, faz questão de manter a retórica acadêmica. Meticuloso, Demian Fiocca insiste ainda em participar pessoalmente de diversos questionamentos no banco. Um exemplo disso foi o embate travado entre Guido Mantega e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin - hoje candidato à presidência pelo PSDB.

Na ocasião, a questão era em torno do financiamento à obra de ampliação do metrô, cuja discussão teve intensa participação de Fiocca. Foi ele quem levantou as questões técnicas que dificultavam o acesso do governo paulista ao crédito do banco estatal e também quem ajudou a encontrar uma solução conciliatória para a questão.

PÚBLICO-PRIVADAS

No Ministério do Planejamento, Demian Fiocca coordenou a elaboração e as negociações do projeto de lei das Parcerias Público-Privadas (PPPs). Agora tenta, na direção do banco, fazer com que o projeto saia do papel.

Em 2003, como Secretário de Assuntos Internacionais do Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão, promoveu a revisão das carteiras de empréstimos do Brasil no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e no Banco Mundial, que resultou na adequação das linhas de crédito contratadas à capacidade real de desembolso de cada projeto.

Atuou junto ao BID e ao Banco Mundial para conseguir empréstimos a projetos como o Bolsa Família, programa de assistência social implementado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

INICIATIVA PRIVADA

Antes de ingressar no governo, o novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social chegou a trabalhar na iniciativa privada.

Atuou como economista-chefe do banco HSBC, no período de 1998 a 2000, além de ter sido diretor da área de pesquisa econômica do Grupo Telefônica, entre os anos de 2000 e de 2003.

Antes disso, havia sido editorialista e articulista econômico do jornal Folha de S.Paulo, no período de 1994 a 1998.