Título: Política econômica é de Lula e vai ser mantida, garante Mantega
Autor: João Domingos e Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/03/2006, Nacional, p. A14

O novo ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que as metas de superávit primário "são sagradas", que a política econômica não muda e que o governo tem condições de manter a queda dos juros. Admitiu, porém, mudanças na equipe econômica.

"Primeiro vou tomar pé da situação para ver depois se será preciso fazer alguma mudança", disse Mantega, em entrevista no Palácio do Planalto logo depois de participar de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, da Integração Nacional, Ciro Gomes, e das Relações Institucionais, Jaques Wagner, além do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).

Mantega negou que o governo vá fazer gastos extras para garantir a reeleição de Lula. "Gasto extra? Vamos rigorosamente cumprir aquilo que está no orçamento, o superávit primário será cumprido à risca", disse. "As metas de inflação serão mantidas." Ele acrescentou que os investimentos já estão crescendo desde 2005 sem prejuízo da meta fiscal.

O ministro disse ainda que a política econômica não é do ex-ministro Antonio Palocci, mas de Lula. "A inflação está sob controle, as contas públicas equilibradas e a vulnerabilidade externa reduzida aos menores patamares." Ele lembrou que a situação é tão favorável que o Brasil pode até programar o pagamento de suas dívidas.

Mantega disse que o processo de crescimento econômico continua e a geração de emprego está mantida. Afirmou que foram criados 3,7 milhões de empregos e a tendência é essa taxa aumentar. Previu crescimento econômico entre 4% e 4,5% do PIB este ano. Segundo ele, o crescimento mais forte em 2006 será o primeiro de uma série e o País manterá o investimento na área social em torno de 2,5% do PIB.

Questionado sobre a imagem do ministério que vai assumir, Mantega respondeu: "A imagem do Ministério da Fazenda é de uma política econômica muito eficiente, que contribuiu para reduzir os desequilíbrios do País." Mantega não quis defender Palocci. Disse que, se o ex-ministro cometeu desvios, ele é quem deve responder.

Na entrevista, Mantega relatou que Lula não deve estar contente com a necessidade de troca de ministro. Mas reclamou de uma pergunta sobre a saída do "último grande auxiliar do presidente". "Essa historia de que o presidente está sozinho é fantasia", disse. "Eu também sou auxiliar dele."