Título: Governo se arma para evitar derrota
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/03/2006, Nacional, p. A15

O governo começou a se preparar para evitar uma eventual derrota na votação do relatório final da CPI dos Correios e estuda substituir o deputado Carlos Willian (PTC-MG). Ligado ao ex-governador Anthony Garotinho, pré-candidato à Presidência da República pelo PMDB, Willian está na lista dos votos contrários ao Palácio do Planalto.

A expectativa é que Willian, que até o ano passado era do PMDB, vote a favor do relatório de Osmar Serraglio (PMDB-PR). A votação do relatório final da CPI começa na semana que vem.

A aprovação ou derrubada do relatório será apertada e, provavelmente, com a diferença de apenas um voto. A idéia é substituir Willian por um aliado fiel ao governo. O Planalto também conta com o poder de persuasão do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA) para convencer o vice-presidente da CPI, deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA), a votar com o governo.

Mas a integrantes da comissão, Bentes tem garantido que votará favoravelmente ao relatório de Serraglio, seu companheiro de partido.

O presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), trabalha para se chegar a um consenso, com a apresentação de um único relatório. Pré-candidato do PT ao governo de Mato Grosso do Sul, Delcídio não quer arcar com o desgaste da CPI terminar sem que seja aprovado um texto final.

O petista aposta todas as suas fichas em um relatório meio termo, que atenda em parte às reivindicações do governo e da oposição.

Mas uma ala do PT já se adiantou e começou a fazer um relatório paralelo ao texto oficial. "É difícil a oposição ter número para aprovar sem mudar uma vírgula o relatório do Serraglio. Mas também é impossível o governo ter número para aprovar um relatório paralelo", disse ontem o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), sub-relator de fundos de pensão da CPI dos Correios.

A CPI tem 32 integrantes - 16 deputados e 16 senadores. A expectativa é que o placar seja 16 a 15 para o governo ou para a oposição. O presidente da comissão não vota.