Título: Receita de serviços deve melhorar
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Fonte: O Estado de São Paulo, 14/03/2006, Economia & Negócios, p. B2

A globalização e os progressos tecnológicos afetam positivamente a exportação de serviços, especialmente dos países emergentes, que têm menos possibilidade de manter escritórios no exterior para oferecer seus serviços. O Brasil tirou proveito disso, embora esteja ainda muito atrasado em comparação a outros países emergentes.

Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil ocupava, em 2004, o 35º lugar no mundo nas exportações de serviços (com US$ 11,5 bilhões) e o 30º nas importações (com US$ 16,1 bilhões). Dez países emergentes apresentavam exportações de serviços maiores que as do Brasil; Coréia do Sul e Índia, por exemplo, exportavam US$ 40 bilhões cada uma. Nossa posição nesse ranking da OMC era pior do que no comércio de mercadorias, em que, naquele ano, ocupávamos o 25º lugar nas exportações e o 29º nas importações. É preciso não esquecer, porém, que a definição do que é serviço não é a mesma em toda parte. Segundo as estatísticas do nosso Banco Central do Brasil, nossas exportações de serviços, em 2004, somaram US$ 12,5 bilhões e as importações, US$ 17,2 bilhões.

Sem dúvida o Brasil deve melhorar muito as suas receitas com serviços, mas é bom lembrar que, no ano passado, houve um grande progresso: as receitas com serviços cresceram 27,9%, embora as despesas aumentassem 40,4% - o que não significa, necessariamente, uma tendência negativa.

Como foi mostrado em matéria publicada no Estado de ontem (B6), as vendas de serviços empresariais somaram, no ano passado, US$ 6 bilhões, com crescimento de 34% sobre 2004, e representaram 38% do total das exportações de serviços em geral. As receitas de honorários de profissão liberal tiveram crescimento de 578%; as de serviços de arquitetura e engenharia, 34%; as de passes de atletas profissionais, 55%; e as de instalação e manutenção de escritórios, 12,5%.

São atividades que, de modo geral, representam exportação de matéria cinzenta e que conviria aumentar, a exemplo da Índia, que se tornou um grande centro mundial de informática. Mas não há dúvida de que o Brasil também tirou proveito das possibilidades oferecidas pela tecnologia da informação.

O forte aumento das despesas de serviços reflete, de um lado, a melhoria da economia, que acarreta maiores saídas com pagamentos de royalties e licenças, aluguéis de equipamentos, gastos financeiros e, de outro, a valorização do real sobre o dólar, que se traduziu num aumento de 64,4% nas despesas de viagens ao exterior.

O aumento nas receitas de serviços indica que o País está se modernizando, especialmente no que se refere às tecnologias de ponta.