Título: Alckmin não vê razão para adiar anúncio da escolha
Autor: Carlos Marchi, Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/03/2006, Nacional, p. A10

Governador diz ter feito todo o possível para ser candidato "do entendimento" dos tucanos

Dizendo ter feito o que estava ao seu alcance para conseguir ser escolhido, hoje, o candidato "do entendimento" do PSDB à Presidência, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou ontem não ver razão para que o partido adie a decisão de anunciar ele ou o prefeito José Serra como adversário do presidente Lula nas eleições deste ano. Aparentando confiança e tranqüilidade, também admitiu que eventual atraso no anúncio não será problema. "Trabalhei para ser o candidato do entendimento", frisou.

"O presidente do partido (senador Tasso Jereissati) marcou a data de amanhã (hoje) para que se equacione essa definição partidária. Tenho a impressão de que isso está mantido e acho que pode se resolver. Mas se precisar adiar alguns dias, não vejo problemas", afirmou Alckmin, logo após participar de reunião do Conselho Estadual de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Cericex), na capital paulista.

Na véspera do prazo dado por Tasso para que o PSDB anuncie seu candidato ao Palácio do Planalto, Alckmin voltou a falar que não vê problemas com o fim da reeleição. Para ele, quatro anos de governo é mais do que suficiente para uma boa gestão. "Para mim, não tem nenhum problema de reeleição. Já fui prefeito (de Pindamonhangaba) sem reeleição; de governador, o meu mandato é de pouco mais de quatro anos (como vice ele assumiu o governo Covas em 2000), nenhum problema. Essa não é uma questão central", afirmou, dando recado aos tucanos que são favoráveis ao fim da reeleição, entre eles o governador mineiro Aécio Neves. "Sou contra o mandato de cinco anos. Senão, todo ano tem eleição. Devemos discutir dois modelos. O primeiro é o de quatro anos com reeleição, que é o atual, ou o de quatro anos sem reeleição. Eu não faço nenhuma questão de reeleição."

Sem citar o presidente Lula, seu provável adversário, Alckmin disse que mais do que reeleição, o importante é "ter bom governo".

"Acho que podemos melhorar muito do ponto de vista ético, dar um banho de ética. Do ponto de vista de eficiência, fechar todas as torneiras do desperdício, se preocupar mais com o crescimento econômico, emprego, renda, trabalho. Muita coisa pode ser feita", assegurou o governador.

Alckmin comemorou ontem o apoio recebido de Aécio, que no começo da disputa tucana entre o governador e o prefeito sinalizou apoio a Serra, mas que nos últimos dias mostrou-se favorável à candidatura de Alckmin. "O Aécio é meu irmão. Gosto muito dele. É uma bela revelação porque todo mundo já conhecia sua vocação política, sua capacidade de articulação", comentou."E agora revelou-se um excelente administrador", prosseguiu Alckmin, elogiando a administração de Aécio em Minas Gerais, ontem.

Além do apoio de Aécio, Alckmin também contabilizava ontem o apoio de outros governadores tucanos, entre eles Cássio Cunha Lima (Paraíba), Lúcio Alcântara (Ceará) e Marconi Perillo (Goiás). Além de Aécio, os três são esperados hoje em São Paulo.