Título: General diz que não usou prerrogativa
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/03/2006, Nacional, p. A9

Na resposta à Comissão de Ética, Albuquerque nega ter pressionado para entrar no vôo da TAM

O comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, encaminhou ontem à Comissão de Ética Pública da Presidência da República as explicações solicitadas sobre o episódio ocorrido em Viracopos, na Quarta-feira de Cinzas, em que a decolagem de um avião da TAM foi interrompida para que ele e a mulher pudessem embarcar para Brasília.

No documento, o general Albuquerque insiste em que não usou "prerrogativa" do cargo e "não sabia" das providências tomadas para o retorno do avião nem dos benefícios oferecidos aos dois passageiros que cederam seus lugares.

As explicações serão analisadas pela Comissão de Ética no dia 21, mas ela não tem poder de punição. Poderá apenas encaminhar um relatório sobre o ocorrido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na extensa carta à comissão, o general afirma que apenas exerceu o seu direito de passageiro, fazendo a reserva e confirmando-a com 12 dias de antecedência. Ressalta ainda que chegou antes ao aeroporto.

Albuquerque repete que, ao ser informado da falta de vagas na aeronave, agiu "como qualquer cidadão" que se sente prejudicado. Aceitou a orientação de procurar o balcão de outra empresa, a Gol, e voltou à TAM porque esse outro vôo também estava lotado. Sabendo que não havia solução para o problema, decidiu recorrer ao fiscal do Departamento de Aviação Civil (DAC). O episódio de Viracopos foi um tema da reunião de ontem do presidente da República com seus ministros, mas o governo deve aguardar a decisão do dia 21.

Em São Paulo, a TAM continua recusando-se a dar explicações sobre o episódio. Nada diz sobre os 14 passageiros que estavam na fila, na frente do general. Também não comenta o depoimento do controlador de vôo Daniel Bezerra, divulgado domingo pelo Estado. Bezerra afirmou ao DAC que a decisão final para fazer voltar a aeronave foi do comandante do avião.

PASSAGEIRO

Em Brasília, o deputado Luiz Antonio Fleury (PTB-SP) - que recentemente também testemunhou, como passageiro, outro episódio polêmico de overbooking da TAM, em Congonhas - disse que a Comissão de Defesa do Consumidor, presidida por ele, deverá convocar o comandante a dar explicações, se receber um pedido.