Título: Funcionários da Varig se 'rebelam' contra curadores para salvar empresa
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/02/2006, Economia & Negócios, p. B15

A maior instância de decisão dentro da Varig, o Colégio Deliberante, passa por uma mudança de comportamento nunca antes vista. São cerca de 150 funcionários eleitos que representam a Fundação Ruben Berta (FRB), acionista majoritária da companhia, e que têm tomado decisões contrárias à orientação do conselho de curadores da FRB, composto por sete membros escolhidos pelo próprio colégio. Pessoas próximas à empresa chegam a afirmar que se trata de uma "rebelião" para salvar a Varig.

"O Colégio Deliberante conquistou uma percepção de realidade muito antes de instâncias internas da Varig, como o conselho de curadores", diz o coordenador do Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), que reúne cinco associações de funcionários da empresa, Marcio Marsillac. O conselho de curadores foi procurado, mas não retornou até o fechamento da edição.

Marsillac diz que em pelo menos três episódios foi comprovada a desobediência às orientações dos curadores: rejeição ao plano da Docas Investimentos, do empresário Nelson Tanure, de comprar as ações da fundação, aprovação da venda das subsidiárias VarigLog e VEM e a própria aprovação do plano de reestruturação.

"Quando chega a hora de abrir mão do controle, eles (curadores) voltam atrás", diz Marsillac, sobre a orientação do conselho de curadores de não aprovar o plano de reestruturação, que prevê a perda de poder e controle acionário da FRB. Mas ele ressalva que há curadores com a visão de salvar a Varig.

Uma pessoa próxima à fundação, que pediu para não ser identificada, vai além e diz que a preocupação do conselho de curadores é "manter o status quo", e que o Colégio Deliberante não busca manter o poder, mas salvar a Varig.