Título: Para antigo desafeto, demissão 'não é suficiente'
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2006, Nacional, p. A8

Fernando Chiarelli, professor de história e filosofia, ex-vereador e maior acusador de Antonio Palocci em Ribeirão Preto, onde ambos nasceram e construíram carreira política, disse ontem que a demissão de seu desafeto do Ministério da Fazenda "ainda não é o suficiente". Chiarelli, que fez 66 denúncias contra Palocci, quer mais. "As algemas já estão lustradas para receber esse homem que emporcalhou a imagem da cidade e do País", declarou.

Várias vezes o ex-ministro já processou seu algoz, por danos morais. "Ele (Palocci) pode me processar, a Justiça sabe quem é Chiarelli e quem é Palocci", diz o professor. "Se descer no aeroporto da cidade ou chegar pela Anhangüera a polícia vai pegá-lo." O delegado que investiga Palocci afastou essa possibilidade, por enquanto. "Não há qualquer cogitação", declarou Benedito Antonio Valencise, da Polícia Civil de Ribeirão.

Mas o policial fez uma advertência. "Não penso em pedir prisão de ninguém agora, salvo se os investigados derem motivo para isso, se desaparecerem, se coagirem testemunhas. Aí vou pedir a prisão preventiva de quem quer que seja."

Muitas denúncias de Chiarelli transformaram-se em ações judiciais, outras estão sendo apuradas e muitas tomaram o mesmo caminho - arquivamento, por improcedência. Algumas já foram julgadas, em primeiro grau, e o Judiciário condenou o ex-ministro.

Uma ação popular questionou o uso de dinheiro público em publicidade institucional para promoção do PT e do prefeito Palocci, que em sua primeira gestão em Ribeirão adotou o slogan "governo da solidariedade". Em abril de 1996, quando ele era prefeito, o Tribunal de Justiça do Estado restabeleceu liminar que mandava retirar a propaganda. Outra acusação - contratação do Instituto Curitiba de Informática (ICI), por R$ 2,9 milhões -, em 2001, foi julgada improcedente pela Justiça, mas o MP apelou ao TJ.