Título: Mesmo sem ele, velhos amigos preservam os cargos em Brasília
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2006, Nacional, p. A8

Antônio Palocci saiu do Ministério da Fazenda, mas deixou empregados no governo vários de seus principais auxiliares ainda da época em que era prefeito de Ribeirão Preto. No topo da lista, sua mulher, Margareth Rose Silva Palocci, nomeada assessora da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

Alguns desses assessores deixaram seus cargos antes do chefe. É o caso de Juscelino Dourado, chefe de gabinete de Palocci e ex-secretário da Casa Civil em Ribeirão, que pediu demissão logo que vieram a público seus contatos com os demais membros da república de Ribeirão, como Rogério Buratti e Vladimir Poleto. Outros seis indicados do ex-ministro continuam nos seus cargos. É o caso de Donizeti Rosa, ex-secretário de governo de Ribeirão Preto e hoje diretor-superintendente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). Homem de confiança do hoje ex-ministro, Rosa foi citado nos grampos telefônicos dos diretores da empresa Leão Leão, aparecendo como intermediário entre ela e a prefeitura de Ribeirão.

O atual diretor-presidente do Serpro, Wagner Quirici, também amigo do ex-ministro, foi superintendente da Ceterp, a companhia telefônica de Ribeirão Preto. Galeno Amorim era secretário de Cultura em Ribeirão e conseguiu um DAS no Ministério da Cultura como coordenador da Política Nacional do Livro e Bibliotecas Públicas.

Nelson Rocha Augusto era secretário de Planejamento em Ribeirão. No governo federal foi parar em um cargo bem acima, mas um pouco longe das atribuições anteriores: diretor-presidente da Banco do Brasil Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A, autarquia ligada ao BB.

O ministro emplacou ainda os nomes de José Ivo Vannuchi, que foi assessor da prefeitura na gestão Palocci e acompanhou o ministro até a Fazenda. Hoje, é assessor de assuntos parlamentares do ministério.

Fernando Garcia Neto, que foi seu secretário de Saúde, tornou-se coordenador de Fomento e Cooperação Técnica do Ministério da Saúde - a área que cuida do Cartão SUS, um projeto iniciado no governo anterior para registrar os usuários do SUS e que não andou quase nada no atual governo.

Ralf Barquete, outro amigo de Palocci, trabalhou por alguns meses como assessor da Caixa Econômica Federal, mas faleceu em 2004. Foi apontado por outros envolvidos nas denúncias de desvio de recursos em Ribeirão como o responsável pelo recebimento da propina paga pela empresa Leão Leão ao governo Palocci.