Título: Com dólar a R$ 2, vai faltar vôo ao exterior, diz Abav
Autor: Mariana Barbosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/02/2006, Economia & Negócios, p. B8

Companhias escalam vôos extras e agências esperam aumento de 15% nas viagens internacionais este ano

Se o dólar chegar a R$ 2, vai faltar vôo para o exterior este ano. O alerta é da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav). "Os vôos já estão lotados e não temos vôos suficientes para atender à demanda que será criada se o dólar chegar a R$ 2", afirma o diretor de Assuntos Internacionais da Abav, Leonel Rossi Junior.

A maquiadora Elvira Baer embarca amanhã para a Disney com as duas filhas, Alice e Sofia, de 8 e 10 anos, o marido e mais um casal. O grupo decidiu a viagem na semana passada e deu muita sorte de conseguir comprar a passagem. "A gente não ia, mas com esse câmbio resolvemos aproveitar", afirma Elvira, que não visitava o parque de diversões americano desde os 19 anos. "O momento é agora, a gente nunca sabe o que vai acontecer com o dólar depois."

A Disney é o destino internacional preferido dos brasileiros neste feriado de carnaval, seguido de Buenos Aires, na Argentina. "As passagens para o carnaval já estão praticamente todas vendidas há mais de seis meses", afirma o diretor da Abav.

De acordo com dados do Departamento de Aviação Civil (DAC), em janeiro a taxa de ocupação dos vôos das empresas brasileiras para o exterior foi de 78%, um recorde para o mês. Em dezembro, a ocupação foi de 74%. A média do ano foi de 76%. Entre as companhias internacionais, essas altas taxas de ocupação se repetem ou são ainda maiores.

Para dar conta de tanta demanda, as empresas estão providenciando vôos extras. A Varig, por exemplo, criou três vôos extras para a capital argentina neste carnaval, que se somam às 49 freqüências semanais regulares da companhia.

A Abav prevê um aumento de 15% nas viagens internacionais este ano. Em 2005, estimuladas pelo dólar barato - a valorização do real em relação ao dólar foi de 15,9% no ano passado -, as viagens internacionais também cresceram cerca de 15%.

COPA DO MUNDO

Juntos, os brasileiros gastaram US$ 4,7 bilhões no exterior no ano passado, provocando um déficit na conta turismo de US$ 858 milhões. Os estrangeiros deixaram no Brasil US$ 3,8 bilhões, maior valor desde 1947, segundo o Banco Central. A previsão de técnicos do banco é de que esse déficit na conta turismo aumente ainda mais este ano, superando a marca de US$ 1 bilhão.

Uma das maiores corretoras de câmbio do País, a Cotação On Time teve crescimento de 45% nas vendas de moeda estrangeira em 2005. "Parte desse crescimento se deve ao fato de que ampliamos nossas bases de atuação, abrindo filiais em outros Estados", afirma o diretor comercial da Cotação, Nelson Gasparian. Considerando apenas as vendas no mercado paulista, o crescimento da corretora foi de 35%.

Com serviços para turistas pessoa física e também para empresas que compram dólar para funcionários que viajam ao exterior, a Cotação faz aproximadamente 11 mil operações de câmbio por mês. O tíquete médio dessas operações é de US$ 1,3 mil a US$ 1,4 mil. "Antigamente havia menos pessoas viajando, mas o tíquete médio era maior", afirma Gasparian.

Este ano, por causa da Copa do Mundo, a Cotação também aposta no crescimento das vendas do euro.