Título: BNDES tem lucro recorde de R$ 3,2 bi
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/02/2006, Economia & Negócios, p. B6

E este ano banco não pretende repassar tudo para o Tesouro

O aumento da lucratividade das empresas brasileiras e o lançamento do fundo de investimentos Papéis Índice Brasil Bovespa (PIBB) garantiram o lucro recorde de R$ 3,2 bilhões para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2005. O resultado foi 114% maior do que o ano anterior (R$ 1,5 bilhão). O presidente da instituição, Guido Mantega, disse que dessa vez o lucro não irá integralmente para os cofres do Tesouro, como ocorreu no ano passado.

¿Já há entendimentos e o banco precisa se capitalizar¿, disse, lembrando que em 2005 o lucro da instituição reforçou o superávit primário. O BNDES é obrigado a repassar 25% do lucro para o Tesouro, acionista único da instituição, mas em 2004 o repasse foi de 100%. O banco divulgou também perspectivas otimistas de investimentos em 2006, com aumento de 72% das consultas de financiamento por empresas em janeiro.

Mantega explicou que, em 2005, o aumento no lucro foi resultado do bom desempenho da BNDESPar (braço de investimentos do banco), por causa do crescimento da lucratividade de empresas como Petrobrás, Companhia Vale do Rio Doce e outras do setor siderúrgico. Contribuiram também as operações do fundo PIBB,lançado no ano passado, que trouxe ganho líquido de R$ 534 milhões ao banco.

Mantega disse que a redução dos spreads (taxas de remuneração) anunciada pelo banco nesta semana será viabilizada pelo alto lucro da instituição. ¿É o lastro que permite a redução de juros sem perder sustentabilidade¿, disse. A expectativa, diz ele, é que o lucro do banco em 2006 seja menor do que o do ano passado por causa da redução dos spreads (queda média de 30%), mas argumenta que ¿o BNDES não precisa de lucros enormes, porque temos é que financiar o desenvolvimento¿.

Para o diretor financeiro Carlos Kawall, o banco começou o ano refletindo o otimismo dos empresários. Esse otimismo, afirmou, pode justificar o crescimento de 72% nas cartas-consulta ao banco no primeiro mês deste ano ante igual mês do ano passado, de um total de R$ 3,9 bilhões para R$ 6,7 bilhões. Mesmo que não se consolidem em desembolsos, as consultas indicam intenção de investimento.

As aprovações de novos financiamentos aumentaram 37% no primeiro mês deste ano e somaram R$ 2,5 bilhões. O setor da indústria foi o que apresentou maior crescimento, com 75%, passando de R$ 442 milhões em janeiro do ano passado para R$ 775 milhões em janeiro de 2006. O segmento da agroindústria teve o maior volume de aprovações (R$ 241 milhões) da indústria, com aumento de 96% ante janeiro de 2005.

Apesar das boas perspectivas, os desembolsos de janeiro do BNDES caíram 38% em janeiro, ficando em R$ 2,5 bilhões, ante R$ 3,8 bilhões em janeiro de 2005. A indústria teve queda de 69% ante janeiro do ano passado, por causa do segmento de material de transporte (-89%).