Título: Nildo diz que não foi orientado por ninguém
Autor: Rosa Costa e João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2006, Nacional, p. A9

Ao depor na Corregedoria do Senado, Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, negou ontem ter recebido orientação de quem quer que seja para acusar o ex-ministro Antonio Palocci ou qualquer outro dos freqüentadores da mansão onde ele trabalhava como caseiro no Lago Sul de Brasília.

Nildo disse que decidiu contar sobre o que viu na casa onde se reuniam o ex-ministro e seus amigos de Ribeirão Preto depois que o motorista Francisco das Chagas Costa citou seu nome na CPI dos Bingos. "Vi meu nome no jornal, procurado pela polícia, nunca fiz nada pra ser procurado, aí fiquei chateado, trabalhador vai passar por este abuso?", perguntou.

Nildo disse que, com medo de ser preso ou agredido, depois de se tornar público que trabalhou para pessoas ligadas a Rogério Buratti, perguntou a um corretor de nome Gustavo o que deveria fazer. "Ele me perguntou: 'Você quer mesmo chutar o balde?' Eu disse que sim. Daí, ele ficou de me ajudar a conversar com jornalistas."

Nildo insistiu que sempre disse a verdade sobre o que presenciou na casa. "Duro é falar mentira, que você (tem de) ficar pensando, a verdade é fácil."

O caseiro contou que estava incomodado com o fato de ouvir informações falsas sobre o que acontecia na casa. "Também estava carregando nas minhas costas o depoimento do doutor Rogério", disse, referindo-se a uma das vezes em que Buratti, depondo na CPI dos Bingos, deu informações falsas sobre o que acontecia na casa, inclusive sobre a presença de Palocci.

Ele disse que Gustavo o apresentou a um amigo, chamado Enéas, que o levou até o gabinete do senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), onde esperou a chegada de uma jornalista (do Estado) que iria entrevistá-lo. De lá, contou Nildo, saíram para a redação do jornal.

O caseiro informou que conversou rapidamente com o senador, porque ele ia pegar um avião. Foi categórico ao negar que tenha se encontrado com outros parlamentares.

Autor do requerimento para que Nildo depusesse na corregedoria, o senador Almeida Lima (PMDB-SE) disse que a intenção foi rebater "as ilações maldosas" feitas pela senadora Ideli Salvatti (PT-SC). Ele lembrou que a petista requereu as fitas de vigilância dos corredores da casa, para ver se houve conversas dele com senadores.