Título: IGP-M e Fipe indicam inflação zero
Autor: Francisco Carlos, Célia Froufe, Alessandra Saraiva
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/02/2006, Economia& Negócios, p. B5

Na segunda prévia de fevereiro, IGP-M cai 0,01% e custo de vida da Fipe tem ligeira alta de 0,01%

O Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) para a cidade de São Paulo ficou em 0,01% na segunda quadrissemana de fevereiro, a menor para uma segunda quadrissemana deste mês desde 1998 (-0,04%). Já o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) registrou deflação de 0,01% na segunda prévia de fevereiro, ante alta de 0,82% em igual prévia em janeiro, indicando uma convergência para a inflação zero.

No caso do IPC-Fipe, os analistas trabalhavam com um intervalo de -0,03% a 0,16%, mas bem perto de zero. Dos profissionais das 15 instituições financeiras ouvidas, 5 esperavam 0% - Banco Votorantim, ARX Capital, Banco Brascan, LCA Consultores e Banco Itaú.

O coordenador do índice da Fipe, Paulo Picchetti, mantém a previsão de um índice de 0% no fechamento do mês. Em janeiro, a Fipe apurou uma alta de 0,50% na média dos preços ao consumidor na capital paulista. Essa desaceleração reforça a tese de que a inflação do mês passado foi resultado de efeitos pontuais. Ele contou que no fechamento de janeiro projetava um índice de 0,10% para fevereiro, mas na semana passada reduziu para zero, depois que o IPC do mês passado fechou em 0,20%. "Não dá para cravar uma deflação ainda porque quando a dinâmica dos preços é determinada por Alimentação, fica mais complicado fazer as projeções", disse.

O grupo Alimentação fechou a segunda quadrissemana de fevereiro com queda de 0,83%, mas seus subgrupos já estão invertendo as quedas por aceleração de preços. Os alimentos industrializados, que na ponta da primeira quadrissemana registraram queda de 0,10%, já estão em alta de 0,20% na ponta da segunda quadrissemana. Os in natura saíram de uma deflação de 0,40% para uma alta de 0,80%; e os semi-elaborados, apesar de ainda estarem em queda de 2,4%, já estiveram na semana passada com uma deflação de 3,6%.

Diante disso, disse Picchetti, os alimentos não vão mais continuar pressionando a inflação para baixo, como antes.

IGP-M

A prévia do IGP-M, índice usado para reajustar o preço dos aluguéis, foi beneficiada por quedas importantes nos preços de soja, carnes, combustíveis, segundo informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A taxa reduzida na segunda prévia, que abrange o período de 21 de janeiro a 10 de fevereiro, também renovou as apostas da FGV de que o IGP-M fechará o mês com um resultado muito abaixo do registrado em janeiro (0,92%). "Não duvido que o IGP-M de fevereiro fique abaixo de 0,17%", afirmou o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros.

Ao comentar o cenário da inflação medido pela segunda prévia, Quadros explicou que os preços no atacado, de maior formação na taxa do indicador, caíram 0,08% na segunda prévia de IGP-M de fevereiro, ante alta de 1,03% em igual prévia em janeiro. Houve deflações importantes nos preços de alimentos processados (-1,25%) e alimentos in natura (-1,73%).

Entre os alimentos, o destaque ficou por conta da soja, cujo preço caiu 2,19%. "Houve um movimento especulativo no preço da soja, que puxou para cima os preços do produto em janeiro. Mas agora isso acabou", disse o economista. Além disso, o setor de alimentação contou com quedas nos preços de bovinos (-3,59%) e aves (-5,89%).