Título: Estatal tem superávit externo
Autor: Irany Tereza, Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/02/2006, Economia & Negócios, p. B5

Em 2005, pela 1.ª vez, a estatal exportou mais petróleo do que importou, mas saldo em valores foi negativo

A Petrobrás fechou 2005, pela primeira vez em sua história, com um superávit, em volume, nas transações de petróleo e derivados com o mercado internacional. Isso significa que a companhia exportou um volume maior de produtos do que importou. Em valores, porém, a empresa ainda registrou déficit comercial de US$ 130 milhões, montante bem inferior aos US$ 3,157 bilhões registrados durante o ano de 2004.

A diferença é fruto dos preços dos produtos importados, maiores que a cesta de exportações da estatal. O petróleo brasileiro, por exemplo, custou, em média, US$ 45,42 por barril em 2005, ante os US$ 54,38 pagos pelo Brent, valor de referência internacional. Para adequar suas refinarias ao mix de combustíveis consumido no País, a Petrobrás precisa comprar petróleo mais caro que o Brent, importado principalmente de países da Costa Oeste da África.

O bom resultado na balança comercial confirma que a relação entre produção e consumo de petróleo no País está equilibrada, consolidando a auto-suficiência nacional, que motivou a criação da empresa há 53 anos. No início de abril, a companhia inicia as comemorações da conquista, a partir da entrada em operação da plataforma P-50, no campo de Albacora Leste, na Bacia de Campos. Com capacidade para produzir 180 mil barris por dia, a unidade vai garantir uma folga maior sobre o volume consumido, evitando momentos de dependência externa em caso de picos de demanda ou paradas para manutenção em outras plataformas.

Segundo os números da Petrobrás, a redução da dependência internacional foi conquistada graças a uma combinação entre aumento da produção e estagnação econômica.

As vendas de derivados no Brasil, subiram apenas 1% em 2005, atingindo 1,655 milhão de barris por dia. Já a produção de petróleo teve alta de 13%, chegando a 1,684 milhão de barris por dia, em média, durante o ano.

A empresa espera fechar 2006 com uma produção média de 1,91 milhão de barris por dia, contando para isso, além da P-50, com as plataformas P-34, do campo de Jubarte, na Bacia de Campos, e com o FPSO Capixaba, de Golfinho, no Espírito Santo.

A P-50 está ancorada na Baía de Guanabara fazendo os últimos testes antes de ir para Albacora Leste. Seis meses depois de ser conectada aos poços, atingirá seu pico de produção. A P-34 está em Vitória, sendo adaptada para o campo. Já o FPSO Capixaba foi entregue esta semana pelo estaleiro de Cingapura responsável pela sua construção e deve começar a operar em maio. A embarcação vai produzir 100 mil barris por dia de um tipo de petróleo atualmente muito importado pelo Brasil.

Em janeiro, a Petrobrás produziu uma média de 1,751 milhão de barris de petróleo por dia, volume praticamente igual ao registrado em dezembro de 2005, mantendo os níveis que garantem um equilíbrio entre produção e consumo. Somando-se as atividades da Shell no campo de Bijupirá-Salema, a produção nacional fica em torno de 1,9 milhão de barris por dia.

A estatal informou ainda que a produção nacional de gás natural em janeiro foi de 41,8 milhões de m3 por dia, volume 1,5% abaixo do produzido em dezembro. Segundo a empresa, a queda de produção reflete "flutuações na demanda", ou seja, redução no consumo durante o mês.

No ano passado, o volume produzido no Brasil cresceu 3%, atingindo a média de 41 milhões de m3 por dia.

Ao todo, somando suas atividades no Brasil e no exterior, a Petrobrás produziu 2,217 milhões de barris de óleo equivalente (somado ao gás) por dia em 2005. Em janeiro deste ano, esse volume cresceu para 2,266 milhões de barris de óleo equivalente no mês passado.

A produção internacional de petróleo foi de 156,9 mil barris/dia, com pequeno crescimento frente a dezembro, mas menor que a média de 162,8 mil barris por dia do ano passado.