Título: Para Fipe, ciclo de alta do álcool está perto do fim
Autor: Irany Tereza, Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/02/2006, Economia & Negócios, p. B5

O ciclo atual de aumento do preço do álcool combustível está próximo do fim, segundo estudo elaborado pelo coordenador do IPC-Fipe, Paulo Picchetti. Esta é uma boa notícia, principalmente quando se tem em mente que um dos principais vilões da inflação neste começo de ano foi o álcool.

O levantamento considera os preços do álcool e da gasolina nos postos desde 1995 e estabelece uma relação de custo e benefício entre os dois combustíveis. Para o usuário do álcool como combustível veicular, essa relação não pode ultrapassar o suporte de 70% do valor da gasolina, o que não ocorre desde julho de 1999, com exceção de janeiro de 2003, período que, segundo Picchetti, foi caracterizado como um dos piores para os negócios com álcool por causa dos efeitos da entressafra de cana-de-açúcar naquele ano.

De acordo com Picchetti, nos últimos sete anos, todas as vezes em que o preço do álcool atingiu o teto de 70% do valor da gasolina, houve um refluxo na tendência de alta do combustível. Este ano, se for seguido o histórico, o ciclo de alta está por terminar porque em janeiro bateu em 67% do valor da gasolina. E já há um sinal claro de que a história poderá se repetir. Na primeira quadrissemana do IPC-Fipe de fevereiro, o preço do álcool combustível na ponta semanal tinha alta de 3,5%. Na ponta da segunda quadrissemana já mostrava queda de 0,40%.

"Se o preço do álcool ultrapassar este teto, o proprietário de carro flex passa a ter desvantagem se usá-lo em vez da gasolina. E o proprietário de carro a álcool passa a perder dinheiro", diz Picchetti, acrescentando que, embora mais cara, a gasolina leva o motorista menos vezes ao posto para abastecer. Neste caso, a utilização do álcool se torna inviável, o consumo diminui e o preço tende a cair.