Título: Rosinha admite renunciar ao governo do Rio
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2006, Nacional, p. A13

O comando do grupo político do pré-candidato do PMDB à Presidência, Anthony Garotinho, avalia com seriedade a possibilidade de sua mulher, a governadora do Rio, Rosinha Garotinho (PMDB), renunciar ao cargo a fim de liberá-lo para disputar outro posto que não o Palácio do Planalto. A decisão, que indicaria que Garotinho admite não ser candidato a presidente, deverá ser anunciada até o fim do prazo legal - meia-noite de sexta-feira. A alternativa de saída de Rosinha é forte, admitem auxiliares, apesar de declarações em contrário de Garotinho.

"As possibilidades de a governadora sair ou ficar são de 50%", disse ao Estado um integrante da cúpula do governo.

Enquanto repete em entrevistas que Rosinha ficará no cargo, Garotinho, como é de seu estilo, se movimenta em sentido inverso. Na segunda-feira, conversou com o vice-governador, Luiz Paulo Conde, também do PMDB, sobre a possível renúncia. O encontro foi na presença de outros interlocutores, no Palácio Laranjeiras, residência oficial da governadora. Até ontem, porém, apesar da disposição manifestada por Conde de assumir, nada ficou definido. Integrantes da cúpula peemedebista dizem que Garotinho se inclina pela renúncia, mas Rosinha não.

O governo emitiu nota à noite, admitindo que Rosinha poderá deixar o cargo e anunciará sua decisão na sexta-feira, após duas reuniões com o PMDB: hoje, em Brasília, com a Executiva Nacional; amanhã, no Rio, com a Executiva Estadual. "Estou à disposição do meu partido", afirmou Rosinha em solenidade na Petrobrás.

Outro fator que pode pesar é a disposição de Garotinho: nos últimos dias, após o fracasso de sua tentativa de ser confirmado pelo PMDB para disputar a Presidência por meio das prévias, ele tem demonstrado abatimento, embora reafirme a candidatura.

PROBLEMAS

Um conjunto de problemas jurídicos e políticos pressiona o casal. Por lei, se Rosinha estiver no cargo a menos de seis meses antes das eleições, os integrantes de sua família só podem concorrer à Presidência ou Vice-Presidência. Isso deixaria Garotinho sem alternativa, no caso de o PMDB desistir de ter candidato próprio. Recentemente o ex-governador sofreu três golpes: a liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que transformou as prévias que escolheriam o candidato do PMDB a presidente em consulta; a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) restabelecendo a verticalização das alianças e tornando mau negócio para o partido ter candidato próprio à Presidência; e a derrota em Campos (RJ), seu berço político, do candidato a prefeito Geraldo Pudim (PMDB), na eleição de domingo.

Na outra ponta, há a crise do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se aprofundou com a demissão de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda, por causa da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. O enfraquecimento da administração Lula será argumento dos oposicionistas do PMDB em favor de Garotinho. Mas, se a possibilidade de o PMDB desistir da candidatura à Presidência se fortalecer, Rosinha deverá renunciar, abrindo para o casal vagas de candidato ao Senado e à Câmara dos Deputados.