Título: Sob nova direção
Autor: Lu Aiko Otta
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2006, Economia & Negócios, p. B3

Política monetária: O ministro Guido Mantega afirma que não é crítico da política monetária (de juros), mas admite que já criticou a dosagem dela. Hoje, com a taxa de juros básica (Selic) em queda e as vendas em alta, o ministro acha que a direção está correta e diz não ter mais divergências com o Banco Central. Ao mesmo tempo, pondera que "não seria pecado mortal nenhum mudar a dosagem", se as condições assim o indicarem.

Metas de inflação: Mantega defende o sistema, que será mantido.

Taxa de Juros de Longo Prazo: O novo ministro da Fazenda propõe que o Conselho Monetário Nacional (CMN) reduza a TJLP na sua reunião de amanhã, mas recuou ligeiramente da defesa do corte de dois pontos porcentuais, de 9% para 7%. Mantega disse que, como presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), "dava palpite e pressionava" o CMN. Agora, reconhece, que a história é outra.

Política cambial: Não muda. Mantega defende o câmbio flutuante e acha que não são necessárias medidas adicionais para valorizar o dólar ante o real, porque isso já vem ocorrendo. O mercado passou de vendedor a comprador de dólar, "talvez por ter batido num limite".

Imposto de Importação: A idéia de reduzir o Imposto de Importação, defendida pela equipe do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, foi descartada por Mantega. Ele acha que o dólar barato já produz o mesmo efeito do imposto baixo, ao facilitar o ingresso de mercadorias. O imposto poderá ser reduzido pontualmente para aumentar a concorrência em setores que estiverem abusando da remarcação de preços.

Política fiscal: A política fiscal já é austera o suficiente, avalia o novo ministro da Fazenda, descartando o plano de ajuste de longo prazo defendido por seu antecessor. O governo vem fazendo superávits primários maiores do que os da administração de Fernando Henrique Cardoso.

Henrique Meirelles: O ministro Mantega e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, se falaram ontem e combinaram uma conversa mais longa quando terminar a "maratona" da posse. O presidente do Banco Central permanece no cargo.

Equipe: Exceto os dois que já anunciaram sua saída (Murilo Portugal, secretário executivo, e Joaquim Levy, secretário do Tesouro), os demais integrantes da equipe econômica foram convidados a ficar pelo menos até uma conversa pessoal com o novo ministro. Bernard Appy, atual secretário de Política Econômica, já acertou sua permanência.

Saída de Joaquim Levy e Murilo Portugal: Mantega acha que a saída dos dois maiores defensores da austeridade não colocará as metas fiscais em risco. Isso porque a política fiscal é resultado de um trabalho de toda a equipe.