Título: Equipe será formada sem pressa
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2006, Economia & Negócios, p. B7

O novo titular do Ministério da Fazenda, Guido Mantega, indicou que manterá, por enquanto, a equipe de seu antecessor, Antonio Palocci, e disse não ter pressa de montar seu corpo de auxiliares. As exceções serão o secretário-executivo, Murilo Portugal, que pediu demissão em caráter irrevogável, anteontem, e o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, que já havia comunicado sua saída para assumir a vice-presidência de Finanças e Administração do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Ontem, em sua primeira entrevista na condição de ministro da Fazenda, Mantega afirmou que pediu aos demais secretários que permaneçam em seus cargos até poder conversar com cada um.

Mas escorregou ao lembrar que, ao assumir o Planejamento, em 2003, mudou toda a equipe do ministério e fez o mesmo ao sentar-se na cadeira de presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no fim de novembro de 2004. Ao dar-se conta do ato falho, remendou: "Eu não pretendo trocar toda a equipe da Fazenda".

REFLEXÃO No fim da tarde de ontem, Mantega retornou ao Rio, onde permanecerá até amanhã. Nesse período, deverá refletir sobre os substitutos de Portugal e de Levy, bem como sobre a conversa que já manteve com o secretário de Política Econômica, Bernard Appy.

Segundo Appy, Mantega lhe perguntou se teria interesse em continuar no ministério. O secretário respondeu que sim, uma vez que se sente afinado com o projeto do governo para a área econômica. Entretanto, não está definido se continuará na área de Política Econômica ou se substituirá Levy no Tesouro. "As coisas acontecerão a seu tempo", afirmou Mantega.

Indagado se se sentiu abandonado por Murilo Portugal, que nem esperou a sua posse para pedir demissão, Mantega afirmou que não era próximo do ex-secretário-executivo. "Certamente, não me senti abandonado, porque há vários técnicos competentes que podem assumir a função", alfinetou.

O novo ministro desconversou ao ouvir a hipótese de Carlos Kawall, diretor do BNDES, compor sua equipe na Fazenda. Ele explicou que a presença de Kawall na sua posse não induz a nenhuma conclusão, uma vez que toda diretoria acompanhou a cerimônia.