Título: Desemprego em SP permanece estável
Autor: Célia Froufe, Francisco Carlos de Assis
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/02/2006, Economia & Negócios, p. B8

Dieese apura taxa de 15,7% em janeiro, a menor para o mês desde 1998

O índice de desemprego na Grande São Paulo em janeiro ficou em 15,7% da População Economicamente Ativa (PEA), indicando estabilidade em relação a dezembro, quando foi de 15,8%. É o menor índice para o mês desde 1998, segundo a Fundação Seade e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). A PEA é calculada em 10,089 milhões de pessoas.

Conforme a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), o contingente de desempregados nos 39 municípios da região metropolitana foi estimado em 1,584 milhão de pessoas. Em relação a janeiro de 2005 houve queda de 4,5% no desemprego.

No mês passado, o contingente de desempregados diminuiu em 23 mil pessoas, resultado da saída de 84 mil pessoas do mercado de trabalho e do corte de 61 mil ocupações. Por causa das demissões, ocorreu pequena queda de 0,7% do nível de ocupação, fruto dos cortes de 27 mil cargos no setor de comércio; 23 mil no agregado de outros setores (concentrado em construção civil e serviços domésticos); 7 mil em serviços e 4 mil na indústria.

"Janeiro foi positivo pelo resultado porque o desemprego não subiu. Mas os fatores que levaram a isso não são comemoráveis", disse o coordenador de análise da PED pela Fundação Seade, Alexandre Loloian. Segundo ele, seria melhor que a queda fosse conseqüência da criação de postos de trabalho.

RENDIMENTO

Os especialistas das duas instituições observaram que os vencimentos recebidos pelos trabalhadores não acompanharam a expansão do emprego. Os rendimentos médios de ocupados e assalariados, pagos em dezembro, mantiveram-se estáveis, respectivamente nos valores de R$ 1.078 e R$ 1.158.

"As contratações de dezembro foram feitas com salários baixos", comentou Loloian. "O rendimento se mantém estável, não se mexe." Os dados da renda sempre são divulgados com um mês de atraso em relação ao do emprego.

Outro indicador que a expansão do emprego se dá em bases salariais baixas é o crescimento da massa de rendimentos de ocupados e assalariados, de 5,1% e 8,7%, respectivamente, em comparação a dezembro de 2004. "O crescimento médio real da renda tem peso pequeno nessa expansão da massa de rendimentos, que aumenta, fundamentalmente, pela via da maior ocupação", justifica o diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio.

Embora projetem aumento do desemprego em fevereiro e março, os técnicos do Seade/Dieese mantêm expectativa de que, no ano todo, o resultado será positivo, puxado pelo crescimento econômico do País. Restam dúvidas, porém, sobre qual será o impacto da continuidade da valorização do câmbio sobre o setor exportador. A geração de empregos na indústria, sobretudo na Grande São Paulo, se deu lastreada na expansão das exportações. "Por enquanto, os dados mostram ainda que não houve um processo de demissão no segmento industrial. Mas o comportamento do câmbio nos causa grande preocupação", afirmou Loloian.