Título: FHC diz que candidatura do prefeito impulsiona Alckmin
Autor: Ana P. Scinocca, Rodrigo Pereira e Silvia Amorim
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/03/2006, Nacional, p. A4

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que é mais fácil hoje prever a vitória da seleção brasileira na Copa do Mundo na Alemanha do que o resultado das eleições presidenciais de outubro, mas manifestou-se esperançoso sobre a vitória do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. O tucano também ressaltou a importância que a candidatura de José Serra para o governo de São Paulo terá na disputa presidencial.

"Ainda é muito cedo, precisamos esperar para ver quantos candidatos se apresentarão e as alianças que serão feitas", disse ele, durante uma palestra organizada pelo Diálogo Interamericano para promover seu livro de memórias em inglês, The Accidental President of Brazil, lançado nos EUA.

"Estamos ainda num momento político, e não num momento eleitoral", explicou Fernando Henrique, lembrando que nas duas vezes em que concorreu ao Planalto, em 1994 e 1998, partiu em posição de desvantagem em relação ao hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, em ambas, venceu no primeiro turno. "Hoje, tudo ainda está muito vago para os eleitores, mas as campanhas são muito importantes no Brasil e mudam votos."

O ex-presidente disse que a contenda deverá girar entre os candidatos do PT e do PSDB, mas destacou a importância também da influência que o PMDB terá. Citou como exemplo a iniciativa do governador do Distrito Federal, o peemedebista Joaquim Roriz, de apoiar o tucano. Ele disse também que a candidatura de Serra e a campanha à reeleição do governador de Minas, Aécio Neves, ajudarão a impulsionar a candidatura de Alckmin ao Planalto, por causa do peso considerável dos Estados.

Fernando Henrique disse que a popularidade de Lula será um fator importante nas definições de alianças, mas não o único. "É possível para o PSDB ganhar porque o grau de falta de respeito, e não a popularidade do atual governo, está aumentando", afirmou, citando a demissão de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda para ilustrar a perda de credibilidade da administração petista.

Segundo o ex-presidente, a queda de Palocci terá um efeito duplamente negativo para o PT. O primeiro é que privou o governo de seu melhor ministro. Mais grave, porém, é que "a saída ocorreu por causa de algo que é pior do que corrupção, de um ato autoritário".