Título: Grupo de Marta tenta acordo para antecipar prévias do PT
Autor: Ana P. Scinocca, Rodrigo Pereira e Silvia Amorim
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/03/2006, Nacional, p. A4

Aliados da ex-prefeita Marta Suplicy tentam selar um improvável acordo hoje, durante reunião da Executiva Estadual do PT, para antecipar as prévias que escolherão o candidato do partido ao governo paulista.

A escolha dos filiados petistas - entre Marta ou o senador Aloizio Mercadante - está marcada para 7 de maio. O grupo político da ex-prefeita quer realizar a prévia no dia 23 de abril. "Vamos propor e tentar um acordo, mas não faremos disso um cavalo de batalha", disse Carlos Zarattini, integrante da Executiva e ex-secretário municipal. Sem tempo de correr o Estado por causa da liderança do governo no Senado e a crise do mensalão, Mercadante resiste a mudar a data.

"A prévia pode ser alterada apenas se os candidatos chegarem a um consenso", informou o presidente do PT em São Paulo, Paulo Frateschi. "Ela foi marcada no encontro estadual, instância superior à Executiva e ao Diretório." Para Frateschi, o resultado da disputa interna é hoje imprevisível. Sem debates, a pré-campanha segue sem brigas públicas, mas correligionários da ex-prefeita e do senador travam uma intensa guerra de bastidores. Frateschi tem apenas uma certeza: "O eleitor petista vai escolher o melhor candidato para ajudar a reeleger o presidente Lula."

Marta e Mercadante declaram-se "melhores adversários" para enfrentar Serra. A ex-prefeita costuma comparar suas ações na Prefeitura às do tucano. Já o senador é economista e teria melhor aceitação na classe média, eleitorado preferencial de Serra.

PT e PSDB cortejam o PMDB do ex-governador Orestes Quércia, que aparece bem pontuado nas pesquisas de intenção de voto. Uma aliança é mais provável com os tucanos, que cederiam a vaga ao Senado, mas Quércia diz preferir a corrida a governador. "No quadro atual, avalio a hipótese de realmente manter a candidatura ao governo", afirmou Quércia. A definição deve sair em torno de dez dias, numa reunião marcada com o comando do PMDB em São Paulo. O histórico conflituoso entre covistas, alckmistas e quercistas é um dos principais entraves a um acordo. Com os petistas, a mágoa é talvez maior.

Por enquanto, a costura de alianças aproxima PT, PC do B e PL, e do lado de Serra, PFL, PTB e PSB. O PDT lançou candidato próprio, o vereador Carlos Apolinário, mas alguns dirigentes não fecharam as pontes com o PSDB. "Levo minha candidatura até o fim", disse Apolinário. "Vou chegar lá, mas no 2.º turno não descarto apoiar ninguém."