Título: Oposição vai ao TJ para abrir CPI da Caixa
Autor: Bruno Winckler
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/03/2006, Nacional, p. A6

Representantes de quatro partidos entraram ontem com mandado de segurança contra a presidência da Assembléia Legislativa paulista para forçá-la a instaurar uma CPI para investigar denúncia de favorecimento a aliados do governador Geraldo Alckmin (PSDB) com verbas de publicidade da Nossa Caixa. "Procuramos o Tribunal de Justiça para, através de liminar, implantarmos a CPI, já que o regimento interno não nos permitiu", explicou o deputado Renato Simões (PT).

Ele foi recebido pelo presidente do TJ-SP, Celso Limongi, juntamente com os deputados Romeu Tuma Jr. (PMDB), Mauro Menucci (PSB) e Ana Martins (PCdoB). Para Simões, há uma blindagem na Assembléia para barrar toda e qualquer denúncia contra o governo tucano. "O picolé de chuchu não resiste a holofotes e vai derreter, pois é inconsistente e representa uma imagem que não corresponde à realidade", atacou.

Os deputados frisaram que foram à Justiça usando o mesmo argumento que garantiu, no Supremo Tribunal Federal (STF), a instalação da CPI dos Bingos. "O STF, na ocasião, reconheceu o estatuto constitucional que permite às minorias parlamentares requererem a abertura de uma comissão de inquérito", frisou o líder do PT na Assembléia, Ênio Tatto.

O líder do governo na Assembléia, deputado Edson Aparecido (PSDB), rebateu as acusações da oposição e desqualificou os seus argumentos apresentados ao TJ. "O Ministério Público já investigou esse caso e não comprovou nada. É nítida a intenção da bancada do PT de tumultuar a candidatura do governador à Presidência", rebateu Aparecido.

De acordo com o tucano, em agosto - quando surgiram suspeitas de irregularidades na Nossa Caixa -, o secretário da Fazenda à época, Eduardo Guardia, foi ao Ministério Público dizer que constatou um problema nas contas do banco e solicitar uma investigação formal, não tendo sido encontrada nenhuma irregularidade.

A bancada do PT se reuniu ontem também com o Procurador-Geral do Estado, Rodrigo Pinho, para solicitar uma investigação do caso Nossa Caixa.

Os deputados querem indiciar Alckmin, o presidente da Nossa Caixa, Carlos Eduardo Monteiro, e o ex-assessor de Comunicação do governo, Roger Ferreira, por crimes contra a administração pública.

"O deputado Afanasio Jazadji (PFL) comprovou as irregularidades e só a sua palavra já faz necessária a abertura da CPI", insistiu Ênio Tatto, lamentando que mais uma "CPI legítima" proposta pelos deputados enfrente dificuldades para ser aberta. "Ao longo de 6 anos de governo Alckmin, 69 propostas de CPI foram engavetadas. Parece que querem esconder algo", provocou Tatto.