Título: Relator vai pedir quebra de sigilo do PT nacional
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/02/2006, Nacional, p. A10

Pressionado pelos petistas, Serraglio admite requerer também abertura de dados dos tucanos mineiros

O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), apresentará um requerimento para quebrar o sigilo contábil do PT nacional, no período dos últimos cinco anos. "Quero o sigilo contábil do PT para ratificar o acervo documental que temos na CPI. Se houver necessidade, também vamos pedir a quebra do sigilo de outros partidos", afirmou Serraglio. O pedido será votado na próxima sessão administrativa da comissão, que deve ocorrer no dia 7 ou 8 de março.

Ontem, pelo segundo dia consecutivo, não houve quórum durante a reunião da CPI para votar os requerimentos pendentes. Mesmo assim, Serraglio informou que isso não altera seus planos e reforçou que pretende entregar o relatório final no dia 21 de março.

Pressionado pelos petistas, o relator disse que deverá pedir, também, a quebra do sigilo do Diretório Estadual do PSDB de Minas. Os tucanos mineiros teriam recebido dinheiro do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza - acusado de ser o operador do esquema do mensalão - em 1998, durante a campanha à reeleição do então governador e hoje senador Eduardo Azeredo, também ex-presidente do PSDB.

"Tem de quebrar o sigilo de todo mundo. É bom que quem está ansioso para quebrar o sigilo do PT também apresente o seu voluntariamente", provocou o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), ao saber da decisão da CPI de tentar abrir os dados contábeis de seu partido.

VISANET

De acordo com assessores da CPI dos Correios, a quebra de sigilo do PT nacional servirá para verificar se houve mesmo entrada de recursos da Visanet - empresa administradora de cartões de crédito e débito que tem entre seus cotistas o Banco do Brasil - nas contas do partido.

A um mês da entrega do relatório final da CPI, Serraglio marcou o depoimento de dois diretores do Banco do Brasil para o dia 7 de março. O relator quer que eles expliquem a auditoria feita pelo banco para apurar o suposto uso de recursos da Visanet no esquema operado por Valério.

Em novembro do ano passado, a CPI dos Correios descobriu que R$ 10 milhões de recursos do Banco do Brasil serviram para alimentar, em 2004, o esquema de empréstimos a aliados operado por Valério, a pedido do PT.

Esses R$ 10 milhões deveriam ter sido usados pela DNA Propaganda, uma das empresas de Valério, na publicidade da Visanet. Mas o dinheiro acabou no BMG, um dos bancos que emprestaram recursos para Valério repassar ao PT.