Título: Irritado, Tasso fala em 'devolver problema ao PSDB'
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/02/2006, Nacional, p. A7,8

Presidente tucano diz que o prazo máximo para um entendimento entre Serra e Alckmin é o carnaval

O senador Tasso Jereissati (CE), presidente do PSDB, disse ontem que se os pré-candidatos tucanos - o governador Geraldo Alckmin e o prefeito José Serra - não se entenderem até o carnaval, ele, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador Aécio Neves devem "devolver o problema ao partido". Em Minas, Aécio afirmou que o triunvirato integrado por ele, FHC e Tasso tem as melhores intenções e que sem a coordenação a escolha do candidato "vira casa da mãe joana".

Em entrevista ao Blog do Moreno, Tasso disse que o prazo máximo para um entendimento - aparentemente distante - é o carnaval. "Aí o partido tomará uma decisão para a escolha, que poderá ser através de uma prévia geral ou limitada", explicou, admitindo pela primeira vez, de forma explícita, a realização de prévias.

A saraivada de reclamações à coordenação da escolha do candidato pelo triunvirato irritou os três líderes tucanos. FHC, Aécio e Tasso têm dito a amigos que estão magoados com a forma agressiva com que setores do partido desmereceram o trabalho. "Estou nisso tentando ajudar", desabafou ontem Aécio.

Depois da tempestade, além de alterar o formato das consultas, os três se transformaram em bombeiros. Terça-feira, depois de almoçar com Alckmin, Tasso deu-lhe carona no avião até Brasília, para continuar a conversa no vôo. Ontem, repetiu o gesto com Serra, que voltava de Brasília a São Paulo. Antes de embarcar, Tasso disse que "Serra não é forte sem o apoio de Alckmin, e Alckmin não é forte sem o apoio de Serra". E arrematou: "Se os dois entenderem isso, não haverá disputa." Aécio afirmou que prefere "uma solução amadurecida".

O governador até admitiu a realização de prévias pela primeira vez na história do PSDB. "Ninguém vai dizer que é impossível. Mas é improvável, porque não há tempo hábil para isso, a decisão teria de ocorrer até o final de março." Mais paciente que Tasso, ele insistiu no entendimento. "Estamos avançando. Quero deixar esse sinal claro para fora e para dentro, para nossos companheiros", disse, aparentemente, mais para dentro que para fora.