Título: Alckmin aponta 'uso eleitoreiro' de verbas
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/02/2006, Nacional, p. A7,8

Em resposta a declarações de Lula, ele adverte que 'investimento não pode seguir o calendário eleitoral'

Pré-candidato do PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, acusou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de fazer uso eleitoreiro de recursos públicos com o objetivo de garantir a reeleição.

Alckmin também reagiu à declaração de Lula de que São Paulo, mesmo sendo o Estado mais rico do País, recebe R$ 2 bilhões por ano em programas de transferência de renda. "São Paulo contribui com praticamente metade da arrecadação federal e as obras estruturantes do Estado estão sendo feitas com recursos do governo de São Paulo", salientou.

Apesar de ressaltar que considera importante a União destinar verbas para a área social, Alckmin afirmou que o "investimento não pode seguir o calendário eleitoral". E advertiu que a campanha só começa em junho, quando ocorrem as convenções dos partidos.

"DO POVO"

"O dinheiro não pode ser carimbado do ponto de vista político. Os recursos não são dos governantes, são do povo, que paga imposto", afirmou o governador. "(O dinheiro) deve ser aplicado baseado no interesse público, não em questões de natureza partidária.".

A respeito dos R$ 2 bilhões que o presidente Lula disse liberar por ano para São Paulo, o governador disse apenas que "verificaria" o dado.

Em Iperó, na região de Sorocaba, Alckmin anunciou a liberação de R$ 7,2 milhões para que 200 cidades paulistas com pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS) construam e equipem unidades dentárias voltadas ao atendimento gratuito. Lá, aproveitou para rebater as declarações de Lula de que o governante faz campanha 24 horas, 356 dias por ano.

DESPERDÍCIO

"O que os governadores devem fazer é governar. Campanha eleitoral só vai começar a partir de junho", reforçou. "Agora, o governo tem é que funcionar." Em seguida, Alckmin atacou o que considera como obras eleitoreiras do governo federal.

"Obra feita em véspera de eleição a população não acredita nisso. Ainda mais obras como essas operações de tapa-buraco, gastando fortunas de dinheiro, coisa que daqui a um ano será toda perdida", criticou. E frisou que as intervenções emergenciais estão sendo feitas após três anos de abandono das rodovias. "Ainda por cima é sem concorrência."