Título: 'Homem público faz campanha 365 dias por ano'
Autor: Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/02/2006, Nacional, p. A6

Lula diz que seu papel é percorrer o País e inaugurar obras e faz crítica velada ao governo de São Paulo

Depois de receber uma faixa de pano verde-amarela, o presidente Lula disse num campus do Piauí que o papel dele não é ficar sentado na "cadeirinha" do Planalto, mas percorrer o País e fazer obras. "Um homem público não precisa de época de eleição para fazer campanha", afirmou, em solenidade na Universidade Federal do Piauí, em Parnaíba, a 370 quilômetros de Teresina. "Ele faz campanha da hora em que acorda à hora em que dorme, 365 dias por ano. Se ele não fizer, os adversários dele farão."

Lula inaugurou uma placa alusiva à expansão do campus e recebeu do governador Wellington Dias (PT) a Ordem do Mérito da Renascença, uma faixa com as cores do Estado. Em discurso, afirmou que os adversários estão incomodados porque o governo está fazendo as coisas certas. Ressaltou os programas federais e disse que os de transferência de renda atendem não só Estados pobres como o Piauí, mas também São Paulo.

Ele não citou, neste contexto, os dois pré-candidatos do PSDB à sua sucessão presidencial, o prefeito paulistano José Serra e o governador Geraldo Alckmin. "O Estado de São Paulo, que é o mais rico do País, só de programas de transferência de renda recebe R$ 2 bilhões por ano para cuidar dos pobres."

O presidente reclamou que muitos "espertos" que recebem dinheiro da União fazem propaganda na televisão sem citar o governo federal. "Eles fazem propaganda como se o dinheiro e a obra fossem deles. Quem tem caráter, fala a verdade. Quem não tem, mente."

Instigado pelo senador Alberto Silva (PMDB-PI) a anunciar, de vez, a sua candidatura à reeleição para obter o apoio do PMDB, Lula disse apenas que, "com os amigos que tem, ele vai vencer e governar o País".

Lula voltou a afirmar que quem planta deve ter paciência para colher e que o governo está colhendo, agora, os frutos plantados nos dois primeiros anos, quando ele "comeu silenciosamente o pão que o diabo amassou".

Ele destacou que o governo está construindo 32 escolas técnicas. "Isso deixa as pessoas que não gostam de nós muito nervosas. Este é um ano que tem eleição, então o Lula não pode viajar, ele tem que ficar sentado na cadeirinha dele, de presidente, esperando as pessoas irem lá pedir dinheiro", disse. "Não vou. Vou sair para a rua porque é exatamente na rua que está a compreensão das coisas que nós fazemos."

O programa de expansão das universidades federais tem por meta criar ou consolidar 42 campi em 21 Estados.