Título: PIB chega a R$ 1,9 trilhão e câmbio faz País subir no ranking mundial
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/03/2006, Economia & Negócios, p. B7

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro somou R$ 1,937 trilhão em 2005. Com isso, o País avançou da 15ª para a 11ª maior economia do mundo, conforme cálculo da Austin Rating com base nos dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os dados mostram que a taxa de investimento do País cresceu de 19,6% para 19,9%, a maior desde 1995, basicamente por causa do "efeito preço" - os custos para investir subiram mais que a inflação geral.

O ranking elaborado pela Austin leva em conta o PIB de cada país em dólares e mostra que o Brasil superou Holanda, Austrália, Índia e México. Na América Latina, o País passou à primeira posição, à frente do México.

O avanço foi resultado, sobretudo, da valorização do real, uma vez que o PIB em dólares aumenta. Ainda assim, o economista da Austin Alex Agostini indica que, conforme o crescimento deste ano, o Brasil pode superar a Coréia do Sul (10ª), com PIB de US$ 3,6 bilhões à frente do brasileiro.

Além da valorização cambial, o crescimento da economia em 2005, ainda que "pífio" (2,3%), ajudou, diz Agostini. Segundo o IBGE, a renda per capita foi de R$ 10,520 mil (0,8% acima de 2004, sem inflação). Assim, o Brasil sobe da 76ª para a 72ª colocação global.

Do PIB total do ano passado, R$ 1,729 bilhão foi em valor adicionado e R$ 209,1 bilhões foram em impostos sobre produtos. O IBGE confirmou a alta de 2,3% (descontada a inflação) do PIB em 2005. Por setor, a divisão é: serviços, R$ 985,3 bilhões; indústria, R$ 690,601 bilhões; agropecuária, R$ 145,8 bilhões (8,7% abaixo de 2004, em termos nominas).

Pela ótica da demanda, a distribuição do PIB foi: consumo das famílias, R$ 1,075 trilhão; do governo, R$ 378,7 bilhões; e investimentos, R$ 385,9 bilhões. A diferença entre exportações e importações atingiu R$ 84,9 bilhões.

O IBGE já havia divulgado que o investimento cresceu 1,6%, desempenho considerado fraco comparado ao consumo, por exemplo, que avançou 3,1% e puxou o crescimento do PIB.

Apesar disso, a taxa de investimento melhorou ligeiramente. "Os preços dos investimentos cresceram mais que os preços médios da economia e, por isso, cresceu a participação no PIB", disse a gerente de Contas Trimestrais do IBGE, Rebeca Palis. Segundo ela, os preços médios da economia subiram 7,2% e os ligados ao investimentos (máquinas, construção), 9,6%. Além disso, os juros altos encareceram o crédito.

"Continua o problema do custo do investimento acima dos preços médios", disse a economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Mérida Herasme.

Ela exemplifica que, em 2005, os preços de máquinas no atacado subiram 11,9% e o custo da construção avançou 9,4%, enquanto o Índice Geral de Preços (IGP) médio no ano subiu 5,96%, conforme dados da FGV. Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a política de juros altos freou o aumento da taxa de investimento.

O Iedi informou, por meio de nota, que, se não fosse a política do Banco Central (BC), a taxa de investimento teria alcançado 22% do PIB. "Desse ponto de vista, tratou-se de um retrocesso."