Título: Fiéis homenageiam João Paulo II
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/04/2006, Vida&, p. A15

Cerca de 80 mil pessoas se reuniram ontem na Praça de São Pedro, no Vaticano, para lembrar um ano da morte do papa João Paulo II. À frente da homenagem, o papa Bento XVI conduziu um ato com missa, leitura de passagens da vida de Karol Wojtyla, cânticos e orações. Tributos foram prestados em todo o mundo, sobretudo na Polônia, terra natal do papa morto.

Da janela de seus aposentos, Bento XVI concluiu um rosário e começou a discursar sobre seu "amado" antecessor na exata hora de sua morte, há um ano: 21h37 (18h37 em Brasília). "A memória dele continua presente em nossa mente e coração, elevando, sobretudo nos jovens, o entusiasmo pelo bem e a vontade de se seguir Jesus e seus ensinamentos."

Lembrou da doença de que sofria Wojtyla, o mal de Parkinson, cujas complicações o levaram à morte. "Sua enfermidade, enfrentada com valentia, nos ensinou a estar mais atentos a toda dor física e espiritual. Ele deu ao sofrimento dignidade e valor."

De manhã, durante o Angelus tradicional de domingo, o papa lembrou da Semana Santa de 2005, quando João Paulo II deu a bênção pela televisão, já sem conseguir falar por causa do estado de saúde deteriorado. "Foi a bênção mais dolorosa, que nos deixou o testemunho extremo de sua intenção de levar seu trabalho até o fim."

TRIBUTO

O brasileiro Marcelo Danesin, de Ribeirão Preto (SP), disse que aquele era "um momento belíssimo: a praça, as velas, as canções, querem dizer que o papa deixou algo bom para todos nós". Freiras e monges franciscanos se uniram a grupos de jovens que seguravam velas e fotos. "Estamos aqui para render um tributo. É nosso dever porque estar aqui na Praça de São Pedro é como dar graças a todas as coisas maravilhosas que ele fez", disse o filipino Richard Ricafente. Muitas pessoas esperaram horas para visitar a tumba de João Paulo II, na Basílica de São Pedro.

"Acho que ele foi um papa sagrado e creio que o processo de sua canonização deve ser agilizado", disse o advogado Giusseppe Decore. Em maio de 2005, Bento XVI abriu o processo que pode levar João Paulo II a ser declarado santo, antecipando uma espera protocolar de cinco anos após a morte do candidato. Atualmente, o Vaticano investiga se a cura de uma freira francesa, que também tinha mal de Parkinson, pode ser reconhecida como um milagre dele.

João Paulo II foi o primeiro papa polonês da história e teve o terceiro pontificado mais longo da Igreja, com 26 anos de duração. "Viemos da Polônia para essa vigília", disse Stuart, que viajou para Roma com outros 59 poloneses especialmente para acompanhar a homenagem. Bento XVI fez um discurso especial em polonês. "A memória do amor especial que o papa nutria por seus compatriotas deve permanecer viva para que a fé se mantenha forte."

O recém-nomeado cardeal Stanislaw Dziwisz, arcebispo de Cracóvia e secretário particular de João Paulo II, agradeceu na mesma hora a Bento XVI. "Grazie, grazie, grazie", disse em italiano. Na Polônia, os sinos de todas as igrejas do país badalaram por três minutos, a partir da hora da morte do papa.