Título: Garotinho testa força em Campos
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/03/2006, Nacional, p. A9

Berço político de presidenciável do PMDB escolhe novo prefeito

A uma semana da data marcada pelo PMDB para as prévias em que escolherá seu representante para a disputa à Presidência, um dos pré-candidatos, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho, presidente estadual do partido, se submete hoje a um teste em seu berço político, nas eleições para a prefeitura de Campos, no norte fluminense.

A Justiça Eleitoral anulou o resultado de 2004, por causa de irregularidades, e marcou para hoje a nova eleição. Nela, Garotinho tenta eleger seu candidato, Geraldo Pudim (PMDB), derrotado há dois anos. Diferentemente de 2004, desta vez o ex-governador não se fixou na cidade para comandar o partido na corrida local. Preferiu se dedicar à campanha interna pela indicação à Presidência.

Campos tem seis candidatos, numa eleição em que 1.600 policiais vão garantir a ordem. Apesar disso, aparentemente ela ocorrerá em ambiente mais tranqüilo do que a passada, marcada por denúncias. Além de Pudim, disputam o atual prefeito, Alexandre Mocaiber (PDT), que presidia a Câmara Municipal e assumiu o cargo por causa da anulação do pleito, o médico Makhoul Mussallen (PT), o deputado Paulo Feijó (PSDB) e Rockfeller de Lima (PFL).

Outro candidato, Walter Silva Júnior, do PV, teve seu candidato a vice, Hans Muylaert, cassado. Isso inicialmente levou o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) a informar que os votos na chapa dos verdes seriam anulados. Ontem, porém, a juíza eleitoral Denise Appolinária dos Reis decidiu aceitar a inscrição da candidatura de José Augusto Carneiro a vice, para evitar novos recursos.

Entre as irregularidades da eleição de 2004 em Campos destacou-se a guerra de programas sociais travada entre o governo de Rosinha Garotinho (PMDB), mulher de Garotinho, em favor de Pudim, e a prefeitura, comandada na época por Arnaldo Vianna (PDT), que defendia Carlos Alberto Campista. O Estado, por exemplo, fez cadastro para o Cheque-Cidadão, programa que distribui vales-compra para famílias carentes, e deu kits de material escolar. A prefeitura reabriu cadastramento para projetos municipais.

Houve também acusações de compra de votos, com a apreensão de R$ 318.200 pela polícia, às vésperas do pleito, na sede local do PMDB.

RECURSOS

Campista foi eleito no segundo turno. Chegou a tomar posse, mas acabou afastado. A juíza eleitoral anulou o pleito e declarou inelegíveis Campista, Pudim, Rosinha e Garotinho. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE), porém, aceitou recursos de todos, exceto de Campista.

O pedetista recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas não houve julgamento. A corte rejeitou mandado de segurança para suspender a votação de hoje até que o recurso fosse julgado.

Se nenhum dos concorrentes obtiver 50% mais um dos votos válidos haverá segundo turno. Espera-se que o resultado saia até no máximo 20 horas de hoje.