Título: Projeto elegeu 16 áreas-chave para proteger aves em risco
Autor: Cristina Amorim
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/03/2006, Vida&, p. A28

O trabalho em Boa Nova é parte de uma série de projetos levados adiante pela Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (Save), representante no País da organização internacional BirdLife.

A Save montou um mapa com 163 áreas importantes para a conservação das aves (ou IBAs, na sigla do inglês) e descobriu que mais de 30% delas não estão sob nenhum regime de proteção da biodiversidade.

O foco inicial da pesquisa era a mata atlântica. Afinal, 83% das espécies de aves ameaçadas de extinção no País estão nessa floresta úmida, hoje restrita a áreas fragmentadas. Só que a análise acabou respingando em outros três biomas que se ligam à mata atlântica - caatinga, cerrado e campos sulinos.

Os critérios variam: presença na área de espécies globalmente ameaçadas de extinção, espécies de distribuição restrita, padrões de migração para reprodução ou para passar o inverno. Em comum, histórias de perda de hábitat, desmatamento, pressão exercida por zonas urbanas e por atividades exploratórias - muitas vezes, ligadas à pobreza.

De todas as IBAs, a Save escolheu 16 delas como prioritárias por pedirem ações urgentes de conservação. Entre elas, está a região onde mora o gravatazeiro (veja mapa ao lado). Quinze Estados entraram na lista geral. A Bahia é o que possui o maior número, com 31 IBAs.

O Brasil é uma das regiões mais biodiversas do planeta. Aqui estão cerca de 20% de todas as cerca de 9 mil espécies de ave existentes, atrás apenas dos vizinhos Colômbia e Peru.

O País também é um dos campeões de áreas ameaçadas, com a mata atlântica e a caatinga na frente. De 1.212 aves ameaçadas no mundo, 118 delas vivem no Brasil. Duas espécies não tiveram a mesma sorte do gravatazeiro e sumiram da natureza antes que um projeto de conservação fosse montado: a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), que se tornou símbolo das aves em perigo, e o mutum-de-Alagoas (Mitu mitu), que pode ressurgir se um projeto em andamento de adaptação dos poucos mutuns que sobrevivem em cativeiro for bem-sucedido.

O estudo inteiro levou cinco anos para ser concluído e será lançado oficialmente neste mês em Curitiba (PR), durante a 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-8).

É o primeiro do tipo no Brasil. Outros 24 países já possuem mapas. São 3.400 IBAs divididas entre África e Américas do Norte e do Sul.