Título: Banco deve liberar US$ 1,5 bi
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/04/2006, Economia & Negócios, p. B7

Até o final deste 1º semestre, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o BNDES devem firmar um Convênio de Linha de Crédito Condicional para o financiamento de investimentos em infra-estrutura e na indústria de insumos básicos. A previsão é que o BID coloque US$ 1,5 bilhão à disposição da iniciativa privada brasileira para projetos nesses dois setores.

O BNDES já tem acesso a uma outra linha do BID, através desse mesmo instrumento de crédito, que prevê US$ 3 bilhões para micro, pequenas e médias empresas brasileiras.

"É um bom primeiro passo", disse o presidente do BNDES, Demian Fiocca, sobre o possível acordo. Embora o valor seja a metade do destinado às empresas, e os projetos em infra-estrutura necessitem de financiamentos grandes, Fiocca explicou que os empréstimos privados não são o foco do BID. O banco tem US$ 5 bilhões destinados a esses financiamentos em toda a região que atua, sendo que cada operação só pode receber US$ 400 milhões.

O comunicado conjunto explica que o BID estuda duas alternativas de atuação. O banco de desenvolvimento poderia fazer um empréstimo ao BNDES que repassaria os recursos às empresas privadas, assumindo integralmente o risco das operações. Outra possibilidade seria através de co-financiamentos, onde o risco de crédito é compartilhado entre BNDES e BID.

De acordo com BNDES e BID, a oportunidade do financiamento de projetos em infra-estrutura em reais é "atraente", à medida que a receita gerada por esses investimentos seria de natureza doméstica, limitando o risco cambial. Nesse sentido, o convênio em discussão estuda a possibilidade de o BNDES sacar os recursos do BID em reais ou divisas, de acordo com a natureza do projeto a ser financiado.

Atualmente, o BNDES tem uma linha de crédito de US$ 3,1 bilhões junto ao BID, sendo que US$ 500 milhões, sacados em outubro, fazem parte de uma linha de US$ 1 bilhão destinado às micro, pequenas e médias empresas. Quando julgar necessário, o BNDES pode sacar os outros US$ 500 milhões. Outros US$ 2 bilhões estão à disposição do Brasil, totalizando US$ 3 bilhões.