Título: Governo dobra investimento no trimestre
Autor: Fernando Dantas e Raquel Massote
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/04/2006, Nacional, p. B6

O governo federal vai investir mais do o que dobro no primeiro trimestre de 2006, ante o mesmo período de 2005. Segundo o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, os investimentos liberados até 25 de março atingiram R$ 1,8 bilhão e devem chegar a R$ 2 bilhões até o fim do mês. No primeiro trimestre de 2005, foram R$ 900 milhões.

Bernardo explicou que, em reação ao atraso na votação do orçamento deste ano, o governo, por medidas provisórias, empenhou R$ 2,8 bilhões do orçamento de 2005 no fim do ano passado, para investir pesado neste primeiro semestre.

A ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, deixou claro que o governo vai persistir na sua estratégia para contornar a não aprovação do orçamento e evitar que o ritmo de investimentos e de gastos de custeio em 2006, ano em que serão realizadas as eleições presidenciais, seja ameaçado. "O governo vai utilizar todos os instrumentos jurídicos e legais para superar esta situação."

Para Dilma, "é extremamente grave" que o orçamento de 2006 ainda não tenha sido aprovado. Ela e Bernardo estiveram ontem no Expominas, centro de convenções de Belo Horizonte onde se inicia hoje a reunião anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Segundo a ministra, a estratégia do governo sempre foi a de aprovar o orçamento de forma realista. "Se quisermos atender a todas as necessidades, vai ser impossível. Os nossos recursos não são ilimitados." Para ela, a não votação do orçamento trará um prejuízo grande ao País, levando à paralisia dos investimentos, dos gastos de custeio e de outras obrigações do governo. Para a ministra, a votação do orçamento não deveria virar instrumento de "luta política".

PARCERIAS

Bernardo disse também que o primeiro projeto de parceria público-privada (PPP) no Brasil será enviado este mês ao Tribunal de Contas da União (TCU). Trata-se da recuperação, duplicação e manutenção da BR-116 da divisa de Minas até Feira de Santana, na Bahia, e da BR-324 até o porto de Aratu, na Bahia, pouco mais de 600 km. O valor inicial é de R$ 2,7 bilhões.

O ministro procurou mostrar que o governo Lula está removendo os obstáculos ao investimento neste último ano, com iniciativas como os editais de concessões de sete trechos de rodovias, no valor inicial de R$ 12 bilhões, os investimentos da Petrobrás em construção e reformas de refinarias, o equacionamento do financiamento da ferrovia Transnordestina pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Fundo do Nordeste e a reestruturação da Brasil Ferrovias.

Para Bernardo, com a manutenção da política econômica responsável, o financiamento de projetos do governo brasileiro, ou das PPPs, em breve será tão cobiçado por fundos de pensão e outros investidores quanto o de empresa com grau de investimento como a Petrobrás e a Vale do Rio Doce. Bernardo disse que ele e outros ministros da área econômica têm sido visitados por estes investidores, e citou especificamente o Deutsche Bank e o fundo de pensão dos professores de Ontario.