Título: No Paraná, o temor de 10 mil granjeiros
Autor: Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/03/2006, Economia & Negócios, p. B1

Sebastião Pereira dos Santos lida com frangos há 20 anos. Começou no negócio pelas mãos do pai, Juarez Pereira dos Santos, que lhe deixou como herança o sítio Nova Esperança, de quatro alqueires, em Miraselva, Norte do Paraná. O sítio produz café e milho, mas é a criação de frango de corte que garante a subsistência do granjeiro, casado, dois filhos. Sebastião, que cria 15 mil aves em 2 galpões, fatura em média R$ 600 por mês. Ele mora numa casa de alvenaria sem reboco e seu único veículo é um trator Valmet com pelo menos 40 anos de uso.

Sebastião é um dos 10 mil granjeiros do Paraná. Ou, usando o termo técnico mais corrente, é um "integrado": engorda frangos num barracão para um frigorífico determinado, que fornece os pintinhos e a ração. "A gripe aviária, se chegar aqui, vai ser a maior desgraça para nós", sintetiza o produtor.

Ele e os outros milhares de granjeiros paranaenses correm o risco de ficar sem seu ganha-pão. No Paraná, diversos frigoríficos começaram a reduzir a produção e demitir funcionários. A Globoaves, de Cascavel, demitiu 50 funcionários, a Cooperativa Vale, de Palotina, 200, e a Copacol, de Cafelândia, está propondo a redução de 20% dos salários.

"Vamos ter de reduzir a produção de 20% a 25%", afirma o presidente da Associação dos Abatedouros e Indústria Avícola do Paraná (Avipar), Alfredo Kaefer. Cerca de 10 mil pessoas perderão o emprego a curto prazo, estima Kaefer.