Título: FMI sugere que Brasil aumente suas reservas
Autor: Rita Tavares
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/04/2006, Economia & Negócios, p. B7

O Brasil deve manter a estratégia de acumular reservas internacionais, já que o volume atual, de aproximadamente US$ 61 bilhões, ainda não é adequado para fazer frente a uma eventual crise de liquidez, segundo a avaliação do vice-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Agustin Carstens. "Seria bom do ponto de vista da prudência", alertou.

Na comparação com outros países latino-americanos, as reservas brasileiras indicam um nível médio de vulnerabilidade, enquanto México, Venezuela e Colômbia têm vulnerabilidade baixa.

Junto com o Brasil, Cartens incluiu Argentina, Peru e Chile, como países que deveriam reforçar o volume de reservas.

Independentemente do balanço de pagamentos de cada país, o critério de avaliação do FMI, para as reservas adequadas, leva em consideração as obrigações da dívida externa no curto prazo de cada país, deduzidas da posição líquida em moeda estrangeira do sistema financeiro doméstico.

Carstens explicou que essa avaliação faz parte do trabalho de acompanhamento que os técnicos do FMI fazem das contas de cada um dos países membros, como o Brasil.

Apesar da recomendação, Carstens explicou que não estava sugerindo a acumulação de reservas gigantescas, mas apenas um reforço adicional. Segundo ele, seria uma estratégia caso o atual bom momento internacional sofra uma reviravolta. O México tinha US$ 76,7 bilhões (janeiro) em reservas e um déficit de conta corrente de US$ 5,7 bilhões (12 meses até dezembro).

Já a Venezuela tinha US$ 23,9 bilhões em reservas e um superávit em conta corrente de US$ 24,5 bilhões (em 12 meses até dezembro).

A Colômbia tinha US$ 14,9 bilhões em reservas e um déficit de US$ 1,7 bilhão (12 meses até setembro).

A situação dos três países no mesmo ranking do Brasil é a seguinte, em termos de reservas internacionais: Argentina (US$ 18,7 bilhões, em janeiro), Peru (US$ 13 bilhões, em fevereiro) e Chile (US$ 16,1 bilhões em fevereiro).

Apenas a título de comparação, as reservas da Índia somam US$ 150 bilhões e as da China ultrapassaram US$1 trilhão este mês.

Carstens explicou que o FMI apoiou a acumulação de reservas em alguns países latino-americanos, como o Brasil e a Argentina. Mas ponderou que o processo de acumulação de reservas deve ser fatiado dentro de critérios objetivos, e não para limitar a apreciação de moedas locais. Segundo o vice-diretor do FMI as regras do México são um bom paradigma.

Desde o início de 2004 até o final de março deste ano, o Banco Central informa ter comprado US$ 35 bilhões; outros US$ 19 bilhões foram comprados pelo Tesouro Nacional.