Título: Emprego sobe, mas renda da mulher cai
Autor: Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/03/2006, Economia & Negócios, p. B9

Pesquisa do Seade mostra que elas já têm mais espaço no mercado

A taxa de desemprego entre as mulheres da cidade de São Paulo diminuiu no ano passado, chegando ao menor nível desde 1998, segundo pesquisa divulgada pelo Seade (Sistema Estadual de Análises de Dados). Entre as mulheres economicamente ativas, o desemprego passou de 21,5%, em 2004, para 19,7% em 2005.

O desemprego total dos homens, no entanto, diminuiu com mais intensidade, de 16,3% para 14,4%. "É tradicional que a taxa de desemprego seja maior para mulheres e que elas tenham maior dificuldade em obter emprego", diz Márcia Guerra, socióloga e analista do mercado de trabalho do Seade.

Segundo ela, desde 2000 a maior parte dos desempregados é de mulheres, chegando a 54% do total no ano passado. Mesmo assim, houve aumento da ocupação das mulheres, que refletiu principalmente o desempenho de alguns setores, como o da indústria, no qual a taxa de ocupação foi 8,8% maior para elas.

Para Márcia, a entrada das mulheres no mercado de trabalho é um processo lento, mas que já obtém vitórias, como o fato de 60,4% dos empregos criados em 2005 terem sido ocupados por elas: "O mundo do trabalho sempre foi dos homens, eles eram os grandes provedores, e a presença feminina é um fenômeno dos últimos 30 anos. São mudanças culturais que exigem um período maior de transição."

A pesquisa do Seade aponta que o desemprego é maior para as mulheres negras, chegando a 24%, ante 17,2% entre as não-negras. Em relação à idade, a faixa etária de 18 a 24 é a mais afetada pela falta de trabalho, atingindo 30,6% das mulheres. "As maiores quedas no desemprego foram para a mulheres de 40 a 49 anos e para as de 25 a 39, que caíram, respectivamente, 9% e 7,7%", conta Márcia.

RENDA

Mesmo com a maior inserção no mercado de trabalho, os ganhos entre os dois sexos ainda estão distantes. Segundo o Seade, o rendimento por hora trabalhada recebido pela mulher é de R$ 4,87, valor 2,1% menor que no ano anterior. A média dos homens é de R$ 6,44. "As mulheres ainda sofrem muito preconceito por terem mais encargos familiares e reproduzir", comenta Márcia.

Os ganhos da parcela feminina da população não se equiparam aos dos homens nem mesmo quando elas possuem o nível superior completo. Nesta comparação, o valor médio da hora trabalhada é de R$ 13,68, R$6,67 a menos do que recebe a parcela masculina. "As mulheres estão galgando cargos de chefia, mas ainda é muito pequena a parcela das mulheres que conseguem receber salários melhores", diz Marcia.