Título: Amorim: a questão dos subsídios é 'complexa'
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/04/2006, Economia & Negócios, p. B11

O diálogo em busca de uma solução para o pleito brasileiro de redução de subsídios agrícolas dos países desenvolvidos "se mantém vivo", disse ontem o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Dois dias após o encerramento de reunião multilateral de negociação no Rio de Janeiro, ele disse que a vinda de representantes dos Estados Unidos e União Européia (UE) ao Brasil mostra que "há empenho de todos (nas negociações) e o País tem papel vital no processo".

Amorim foi homenageado pela Assembléia Legislativa do Rio e defendeu a política externa "universalista" do governo. Os números do comércio exterior, informou, desmentem que o Brasil esteja se distanciando dos parceiros tradicionais para buscar novos mercados, "como dizem alguns". As vendas "para o mundo em desenvolvimento", que correspondiam a 43% do total exportado em 2002, subiram para 52% do total em 2005. "Isso não ocorreu em detrimento das relações com o mundo desenvolvido", disse, citando os "recordes" nas vendas externas para a UE e EUA em 2005.

O ministro ressaltou que a questão da Rodada Doha - assunto da reunião no Rio - e da redução dos subsídios agrícolas é "muito complexa", mas reafirmou que o Brasil seguirá "com otimismo e cautela" na luta para reduzir o protecionismo dos países ricos. "O importante é que os países em desenvolvimento não sejam prejudicados", afirmou

Nas relações internacionais, afirmou o ministro, "é preciso ter cautela, mas também ousadia; prudência não deve ser pretexto para inação". "A independência se faz pela diversificação de parcerias, e é isso o que temos feito sem prejuízo das alianças com parceiros tradicionais."

Pascal Lamy, diretor-geral da OMC; Peter Mandelson, comissário do Comércio europeu, e Rob Portman, representante dos EUA para o Comércio, estiveram reunidos no Rio, no fim de semana, para discutir a Rodada Doha. Amorim preferiu não se estender nos comentários sobre os resultados do encontro. "É uma questão muito complexa", repetiu.