Título: Política pública para elas não sai do papel
Autor: Lígia Formenti
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/03/2006, Vida&, p. A20

Anunciado como grande passo para a melhoria da saúde das mulheres, o Pacto de Redução de Mortalidade Materna ainda não trouxe resultados práticos. Feministas afirmam que a proposta, na teoria, é um primor. Mas está longe de ser colocado em prática. Numa entrevista concedida ao Estado, a professora titular do Departamento de Saúde Materno Infantil da Faculdade de Saúde Pública de São Paulo, Ana Cristina d'Andreatta Tanaka disse haver "um abismo" entre o que é preconizado pela política e o que é feito nos municípios. O descumprimento do compromisso ficou impune, ao longo do ano passado. "É difícil isso mudar em 2006, um ano político", avaliou.

A professora não se cansa de dizer que é relativamente simples combater os índices de morte depois do parto. "Não é preciso grandes tecnologias. Basta qualidade de assistência, um banco de sangue, uma equipe médica adequada. O problema é que o ponto principal, que é a qualidade do serviço, até agora ninguém conseguiu melhorar." Em 2004, o índice de mortes após o parto foi de 51,7 por 100 mil nascidos vivos. Em países desenvolvidos, essa taxa varia entre 6 e 20 mortes por 100 mil nascidos vivos. "Se o número de consultas de pré-natal aumentou e não houve impacto, não precisa ser especialista para ver que algo está errado", avaliou.