Título: Para Goldemberg, País tem opções mais baratas
Autor: João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/03/2006, Nacional, p. A12

O ex-ministro da Ciência e Tecnologia José Goldemberg calcula em US$ 15 bilhões o custo de sete novas usinas nucleares no País e duvida que o pacote seja levado adiante. "Há várias outras opções energéticas, mais baratas, mais seguras e mais rápidas de concretizar", avalia Goldemberg, secretário do Meio Ambiente de São Paulo. As novas usinas fazem parte do Plano Nacional de Energia Nuclear, segundo revelou o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, em Londres.

"Não consigo ver de onde sairá esse dinheiro", declarou o secretário. "Esse programa parece um balão de ensaio." O Brasil ainda tem várias matrizes energéticas a explorar, avalia Goldemberg, com relação custo/benefício mais vantajosa do que o plano de Rezende. O uso do gás ou a produção de energia elétrica com bagaço de cana são exemplos. Também o potencial hidrelétrico nacional não está esgotado, insiste Goldemberg.

Para Rezende, a participação da energia nuclear na matriz energética brasileira deve crescer dos atuais 1% ou 2% para cerca de 5%. Mas Goldemberg afirma que não há nenhuma "base técnica" para tratar esse porcentual como "ideal": "Esse é um chute. A França, por exemplo, tem 70% de sua matriz baseada em energia nuclear, mas não tem outra opção."

Segundo o ex-ministro, ao contrário do que afirmou Rezende, a energia nuclear não está mais barata e cada usina leva pelo menos sete anos para ser construída. "Historicamente, não há barateamento. Os reatores estão mais complexos por questões de segurança. Em alguns casos, o preço até aumentou."