Título: Sob suspeita de acordo, plenário decide se Brant e Luizinho perdem mandato
Autor: João Domingos, Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/03/2006, Nacional, p. A6

A Câmara dos Deputados vota hoje os processos de cassação dos mandatos dos deputados Roberto Brant (PFL-MG) e Professor Luizinho (PT-SP). Os dois foram acusados pela CPI dos Correios de receber dinheiro do chamado valerioduto. Brant, R$ 102 mil; Luizinho, R$ 20 mil. Eles dizem estar confiantes na absolvição. Para que um parlamentar perca o mandato, são necessários 257 votos pela cassação. A votação é secreta.

"Eu não tenho nada a ver com o esquema que foi montado pelo PT. O dinheiro era uma contribuição da Usiminas", disse Brant. "Vou fazer um discurso com apelos pela razão. Pretendo também fazer uma análise do momento atual", afirmou. "Não peguei dinheiro. Foi um assessor que recebeu os R$ 20 mil, para pagar dívidas de campanha", disse Luizinho.

Por trás da confiança dos dois está a suspeita de que, debaixo dos panos, os partidos da base do governo, com o PT à frente, fizeram um acordo com os de oposição para livrar todos os cassáveis. O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), no entanto, contesta a possibilidade de um acordão. "Como alguém pode crer que é possível guardar segredo sobre uma negociação que, obrigatoriamente, teria de envolver 513 deputados?", perguntou ele.

TÁTICAS

Brant é o primeiro da fila de cassações da sessão de hoje. Disse que, se conseguir se livrar, votará pela absolvição de Luizinho. "O Professor Luizinho é um deputado de valor, sério, foi líder do governo. Não merece estar nessa situação", disse ele. Luizinho agradeceu: "Vou votar pela absolvição do Roberto Brant. Ele é um homem sério, foi ministro da Previdência."

Os dois adotaram táticas diferentes. Brant não bate à porta dos gabinetes para pedir pelo seu mandato. "Estou aqui há 20 anos. Esse tipo de campanha não resolve", acredita. Luizinho, pelo contrário, vai de um a um pedir clemência. Ontem ele permaneceu no Conselho de Ética durante as três horas e meia da sessão. Sempre que podia, conversava com colegas.

Os dois tiveram o pedido de cassação aprovado pelo Conselho de Ética da Câmara. Brant teve folga muito maior. Na primeira votação, houve empate de 7 a 7. O presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), desempatou pela cassação. No julgamento de Luizinho, o placar foi de 9 a 4 pela cassação.