Título: Petrobrás vai socorrer Petros
Autor: Adriana Chiarini
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/03/2006, Economia & Negócios, p. B12

Rombo é de R$ 4,5 bi, segundo o próprio fundo, mas estatal calcula déficit bem maior

A Petrobrás apresentará esta semana aos representantes de seus empregados a sua proposta de cobertura do déficit bilionário da fundação de previdência dos funcionários, a Petros, informou ontem o presidente do fundo, Wagner Pinheiro. "O conselho de administração da estatal aprovou a apresentação de proposta para solução do déficit. Só falta a representação dos trabalhadores aceitar."

Um dos pontos a resolver é qual a proporção do déficit a ser coberta pela empresa e qual caberá aos participantes. Não está descartado que a Petrobrás - que é controlada pelo governo federal e influi nas contas públicas - arque com toda a diferença. "É um ponto em discussão: se haverá apoio integral da empresa ou não." Segundo Pinheiro, o fundo teve superávit de cerca de R$ 840 milhões em 2005, quando se considera só os números de entrada e saída do ano, sem incluir a projeção das contas a pagar nos anos seguintes.

Contando com as projeções, o resultado de 2005 fez o déficit cair de R$ 5,3 bilhões para cerca de R$ 4,5 bilhões, nos cálculos da Petros. Pinheiro admite que o déficit é maior nas contas da Petrobrás, que também foi reduzido, mas de um patamar mais alto: de R$ 8,3 bilhões. "A forma de contabilizar é diferente."

As negociações visam solucionar problemas dos planos de previdência antigos e abrir um novo plano, para funcionários que entraram a partir de 2002. Para o diretor financeiro da Petros, Ricardo Malavazi, os problemas dos fundos de pensão estão na forma de cálculo dos compromissos futuros. As estimativas foram otimistas demais.

FUNCEF

O patrimônio do fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, Funcef, cresceu 17,48% em 2005, somando R$ 21,67 bilhões ante R$ 18,44 bilhões em 2004. O crescimento se deveu à alta rentabilidade dos investimentos da entidade no mercado financeiro. Ainda assim, ao contrário dos demais fundos de pensão, a Funcef optou por jogar todo o "lucro" de R$ 515 milhões no fundo criado em 2003 para cobrir os custos de um novo plano de benefícios para seus 76 mil participantes.

É o terceiro ano consecutivo de acumulação de superávits que são desviados para o fundo, para evitar que as despesas com a cobertura dos direitos de participantes tenham que ser rateadas entre a patrocinadora e os funcionários.

O presidente da Funcef, Guilherme Lacerda, comemorou o resultado de 2005. Pelo terceiro ano consecutivo, disse ele, a rentabilidade dos investimentos - que somaram R$ 20,9 bilhões ante R$ 17,9 bilhões em 2004 - superou a meta atuarial, que é a inflação medida pelo INPC mais 6% ao ano.

CPI

Em entrevista para explicar os resultados da Funcef, Lacerda reiterou as críticas feitas ao relatório parcial do deputado federal Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), divulgado em dezembro, reportando que o fundo tinha tido prejuízo da ordem R$ 50 milhões em operações de derivativos. "A forma como foi apresentado foi indevida, pois trouxe informações parciais à sociedade", disse.

Lacerda reafirmou que a Funcef não fez aplicações no banco BMG, acusado de ser uma das fontes do suposto mensalão, e que os recursos investidos no Banco Rural, que responde à mesma acusação, foram aplicados por meio de terceiros, mas tiveram alta rentabilidade. "Não perdemos dinheiro com as aplicações."