Título: PSDB quer ouvir Bastos no Senado
Autor: Lisandra Paraguassú Gilse Guedes
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/04/2006, Nacional, p. A5

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, poderá ser convocado a comparecer ao Senado para explicar se teve participação na violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo. Ontem, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), apresentou requerimento para que o ministro seja chamado a falar no plenário da Casa e obteve apoio da oposição. Em uma Casa onde o governo não tem maioria, são boas as chances de o requerimento ser aprovado.

"O governo está perdendo a noção das coisas. Era para ele (Bastos) atravessar a rua e vir aqui no Senado dar explicações. Ele insiste em ser Armando Falcão (ministro da Justiça no regime militar). Deveria ser Paulo Brossard (ministro da Justiça de José Sarney)", afirmou Virgílio. Para o tucano, o ministro está numa posição desconfortável, depois da revelação do suposto envolvimento de assessores seus na violação do sigilo.

"Temos que saber qual foi sua participação e quais providências tomou, se tomou alguma", disse o senador, que recebeu apoio imediato dos colegas Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), José Agripino (PFL-RN) e Cristovam Buarque (PDT-DF). "Deve ser do interesse do ministro vir aqui prestar esclarecimentos", comentou Agripino. "Isso tem que ser explicado, ou o cidadão brasileiro terá o dever de entender que a quebra de sigilo foi uma ordem do governo." Cristovam foi na mesma linha, dizendo que, se o ministro se oferecesse para falar, "seria um gesto de respeito ao Senado e à sua biografia".

A decisão de chamar Bastos ao plenário, não à CPI dos Bingos - que quer investigar a quebra de sigilo de Nildo -, foi uma forma de ouvir o ministro sem tratá-lo como culpado. ACM concorda que o plenário é o melhor lugar e avisou que vota a favor da convocação. Mas, se for para chamá-lo à CPI, será contra. "Se ficar provado que participou, então ele pode ir à CPI", frisou.

CONTRA Já os governistas não vêem razões para a convocação de Bastos. "O governo mandou apurar. Além de colocar a Polícia Federal, ainda pediu para o Ministério Público acompanhar. A investigação já está dando resultados', disse a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC). O pedido tem de ser posto em votação no plenário da Casa com pelo menos a metade dos senadores presentes.

O presidente da CPI dos Bingos, senador Efraim Moraes (PFL-PB), também discutiu da tribuna o suposto envolvimento de assessores de Bastos. "Quando o ministro da Justiça está no centro de graves suspeitas, relacionadas a um crime de Estado, a quem iremos recorrer? Ao bispo?", reagiu Efraim.