Título: Para Furlan, saldo menor é natural
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/03/2006, Economia & Negócios, p. B6

Ministro destacou a importação de bens de capital para elevar produção

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, defendeu ontem a necessidade de se encarar com naturalidade os dados da balança comercial. Admitindo que não são necessariamente motivo de festa, ele insistiu que os resultados estão em linha com as expectativas. "Os dados confirmam a tendência que vem aparecendo desde fevereiro de que, embora continue o crescimento das exportações, neste ano a tendência é termos maior velocidade no crescimento das importações."

Furlan destacou que as importações têm sido majoritariamente de bens de capital, eletrônicos e matérias-primas. "Isso é positivo para a indústria porque mostra investimento em produção de produtos finais."

O ministro lembrou que o saldo crescente da balança comercial nos últimos meses tenderia a recuar em algum momento. "O fato deve ser encarado com normalidade. Aliás, todas as previsões de mercado mostram que o saldo de 2006 vai ser menor que o de 2005."

As afirmações foram feitas quando o ministro deixava um seminário sobre inovação tecnológica, promovido pelo Instituto Brasil de Convergência Digital (IBCD). No entanto, antes do evento e da divulgação dos dados da balança, ele se mostrava mais otimista. Ele lembrou várias vezes os sucessivos recordes nas vendas externa, fazendo inclusive uma comparação com a arrecadação da Receita Federal. "Há duas coisas aqui que batem recordes sempre: a arrecadação da Receita Federal e a balança comercial", brincou Furlan. "Como já tivemos 38 recordes, o pessoal já não sente aquela grande vontade de soltar foguete", acrescentou. Segundo ele, também está mantida a meta de exportações de US$ 132 bilhões neste ano.

O ministro também atacou a idéia de que o Brasil possa vir a reduzir, de forma unilateral, as tarifas de importação. Apesar de se declarar favorável à abertura de mercado, o ministro insistiu que isso não pode ocorrer sem contrapartida dos outros países envolvidos no comércio internacional. "Não se dá nada de graça", disse Furlan, destacando a necessidade de o País reduzir o constrangimento que pesa sobre a competitividade da produção brasileira no mercado internacional, resultado de dificuldades de logística, burocracia, juros altos e legislação cambial. "Seria natural reduzir a defesa via imposto de importação, à medida que as soluções no Brasil dessem ganho de competitividade à indústria."