Título: Ministro soube de violação da conta um dia depois, diz assessor à PF
Autor: Felipe Werneck
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/04/2006, Nacional, p. A6

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, tomou conhecimento da violação do sigilo bancário de Francenildo dos Santos Costa na sexta-feira, dia 17 - um dia depois de o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, pedir uma cópia ilegal do extrato do caseiro ao presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso.

Na noite em que Palocci solicitou a violação do sigilo de Nildo, o secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça, Daniel Goldberg, esteve reunido com o ministro em sua casa, em Brasília.

O envolvimento de um funcionário de Bastos no episódio fez com que setores da oposição pedissem à Polícia Federal que o ministro da Justiça seja também convocado a prestar depoimento sobre o escândalo. No domingo, Goldberg falou espontaneamente à PF sobre a reunião que teve com o então ministro da Fazenda e deu detalhes sobre as conversas.

O secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça confirmou que Mattoso esteve também na casa de Palocci naquele dia, assim como Marcelo Netto, assessor do ministro, suspeito de vazar os extratos para a imprensa.

Goldberg não informou, entretanto, sobre que assunto o então presidente da Caixa conversou com Palocci. Segundo o seu depoimento, Mattoso e Palocci foram para outra sala, onde ficaram por cerca de cinco minutos.

De acordo com o relato, Palocci lhe pediu para avaliar a possibilidade de transferir os inquéritos instaurados contra ele em Ribeirão Preto para Brasília, por causa do foro privilegiado.

Ainda segundo o depoimento de Goldberg à Polícia Federal, Palocci dizia saber que um jornal investigava a denúncia de que o caseiro teria recebido R$ 40 mil para a compra de uma casa.

Palocci, então, questionou Goldberg sobre a possibilidade de a PF entrar no caso, pois a movimentação atípica constituiria um crime federal. De acordo com o secretário, o então ministro parecia contente com a descoberta sobre o dinheiro de Nildo.