Título: UE reforça lobby da TV digital
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/03/2006, Economia & Negócios, p. B4

Peter Mandelson vem ao Brasil tentar convencer o governo

A União Européia (UE) mandará seu representante máximo de Comércio para tentar convencer o governo brasileiro a adotar o modelo europeu para a TV digital. Na semana que vem, desembarca no País o comissário de Comércio da Europa, Peter Mandelson. Segundo informou seu gabinete, o tema da TV digital estará na agenda de negociações com o chanceler, Celso Amorim.

O Brasil está por tomar uma decisão sobre que modelo adotará para o desenvolvimento da TV digital no País. Uma das opções seria o sistema japonês. Apesar dos avanços nos debates com Tóquio, a falta de compromissos em investimentos deixou aberta a porta para europeus e americanos ainda tentarem seduzir o governo.

No fim da semana passada, uma delegação européia esteve reunida com os técnicos e ministros brasileiros para convencê-los das vantagens de seu padrão tecnológico. Uma empresa, a franco-italiana ST Microeletronics, chegou a indicar que poderá abrir uma planta de produção de chips.

Temas como as negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC) e o processo para a criação de uma área de livre comércio entre a Europa e o Mercosul também estarão na agenda com o Itamaraty.

Mandelson passará pelo Chile e pela Argentina antes de chegar ao Brasil. Com Amorim, porém, a relação não é das melhores. Em alguns momentos, nenhum dos dois sequer se esforça em manter as aparências. Durante a reunião da OMC em Hong Kong, em dezembro, os dois terminaram o debate de cinco dias num clima de desconfiança e irritação. Amorim evitava nas reuniões até mesmo citar o nome de Mandelson. Agora, a intenção dos europeus em levantar o tema da TV digital nas negociações foi vista com cautela pelo Itamaraty.

FURLAN

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, comemorou a possibilidade de o Brasil sediar uma fábrica de componentes eletrônicos relacionada à implantação da TV digital no País. Apesar de evitar fazer previsões, ele afirmou que o Brasil está diante da possibilidade de hospedar uma fábrica de componentes eletrônicos dentro de um período de um a dois anos.