Título: Competição mundial tornou empresas mais dinâmicas
Autor: Mariana Barbosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/03/2006, Economia & Negócios, p. B1,4

Ipea diz que efeito perverso da abertura sobre o emprego já se esgotou

Apesar do impacto negativo da abertura comercial sobre o emprego nos últimos 10 ou 15 anos, com o fechamento de muitas empresas, a competição internacional contribuiu para a reorganização do setor produtivo. "Hoje já é possível dizer que o efeito negativo da abertura comercial se esgotou", explica a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Fernanda De Negri, uma das organizadoras do estudo Tecnologia, Exportação e Emprego.

"Hoje o maior dinamismo na geração de emprego está justamente nas firmas exportadoras. Assim como a inovação tecnológica, a inserção das empresas brasileiras no mercado internacional tem contribuído para aumentar a produtividade da economia e, conseqüentemente, para o surgimento de empregos mais qualificados."

O estudo do Ipea revela que empresas que começam a exportar aumentam a produtividade em 12,2% no primeiro ano e em mais 12,5% no ano seguinte. Além de mais eficientes, elas contrataram mais, poiscrescem mais que as que não exportam.

As empresas que exportaram de forma contínua entre 2000 e 2004 registraram um crescimento do emprego da ordem de 17%, ante 19% na média nacional. Juntas, elas empregam cerca de 10% dos trabalhadores formais do País.

"Quando iniciamos a abertura comercial, acreditava-se que o Brasil iria se especializar na produção de produtos com mão- de-obra intensiva", diz Fernanda. "Mas o que se vê é que o País tem outras vantagens comparativas a serem exploradas além da mão-de-obra barata." Hoje, explica, a indústria tem demonstrado capacidade de geração de emprego em segmentos de mercado tradicionalmente dominados pelos países desenvolvidos.

Apesar da abrangência, o estudo não responde um a das questões que intrigam estudiosos: as empresas são inovadoras porque exportam ou exportam porque inovam? "Para muitas empresas, a disposição de inovar leva à exportação, mas a empresa só exporta porque inova", diz o presidente do Ipea, Glauco Arbix. "Mas é difícil estabelecer uma relação de causa e efeito."

Segundo ele, a internacionalização da economia é "um dos caminhos a serem trabalhados para o País se desenvolver."