Título: Rosinha fica no governo para apoiar marido
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/03/2006, Nacional, p. A10

Encerradas as prévias para a escolha do candidato do PMDB à Presidência, o ex-governador Anthony Garotinho espera seguir o script que traçou há mais de dois anos. Por ele, a convenção do partido terá apenas caráter homologatório - mantendo-o como candidato à Presidência.

Sua mulher, a governadora Rosinha Garotinho (PMDB), ficará no cargo após o dia 31, sem poder, portanto, disputar nenhum posto, e o candidato da legenda ao governo fluminense será o senador Sérgio Cabral Filho. O cumprimento desse roteiro, contudo, ainda depende de muitos fatores que Garotinho e seu grupo político não controlam.

Como é de seu estilo, Garotinho venceu a disputa num ambiente de tumulto, contrapondo-se a dois grupos que as circunstâncias tendem a aproximar. São eles os governistas, favoráveis a uma aliança com o presidente Lula, e a maioria dos governadores, que apoiaram o colega licenciado do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto.

Liderada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e pelo senador José Sarney (AP), a ala pró-Lula ganhou argumentos contra as prévias, já que elas não valeram como tal por ordem judicial. Isso lhes dá espaço para ir à convenção questionar o processo. Os governadores, alguns no partido desde quando era MDB, também poderão não aceitar a derrota para um político há menos de três anos na legenda.

Outra fonte de dificuldade será o Supremo Tribunal Federal (STF), que nos próximos dias deve decidir se vale ou não, para as eleições de 2006, a regra que verticaliza as alianças. A norma impede a formação, nos Estados, de uniões contrárias às coligações presidenciais, diminuindo espaço para os candidatos a governador e dando força a outra alternativa: a de o partido não lançar candidato a presidente, nem apoiar oficialmente a reeleição de Lula, ficando livre para as uniões locais.

Ao ex-governador só resta torcer para que o STF não derrube a validade da emenda constitucional editada pelo Congresso, com apoio, inclusive, de seu grupo, que liberou as alianças.

Enquanto isso não se resolve, Garotinho parte para tentar curar as feridas abertas no processo das prévias, no qual derrotou políticos de mais tradição do PMDB, tentando atrair ou pelo menos neutralizar parte deles. "O vice dos sonhos dele é o Rigotto", confidenciou fonte próxima ao ex-governador

Garotinho reconheceu que os cerca de 500 delegados à convenção estão equilibradamente divididos entre os defensores da candidatura própria e os adeptos do apoio à reeleição de Lula.